Presidente das Filipinas ameaça sair das Nações Unidas

Rodrigo Duterte não gostou das críticas à sua guerra mortífera contra a droga. Desde a sua eleição, em Maio, mais de 1500 pessoas foram mortas em execuções extrajudiciais.

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O Presidente filipino Rodrigo Duterte Karl Alonzo/AFP

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, ameaçou neste domingo que o seu país irá sair das Nações Unidas, em declarações inflamadas contra esta organização que criticou a sua guerra mortífera contra o tráfico de droga.

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O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, ameaçou neste domingo que o seu país irá sair das Nações Unidas, em declarações inflamadas contra esta organização que criticou a sua guerra mortífera contra o tráfico de droga.

A ONU apelou ao fim das execuções extrajudiciais, que já levaram à morte de mais de 1500 pessoas desde a eleição, em Maio, do populista Duterte, que prometeu acabar em poucos meses com a criminalidade que afecta o arquipélago.

O Presidente deu carta-branca aos polícias para “atirarem a matar” contra os suspeitos de serem traficantes. Centenas de pessoas foram mortas por civis encorajados pela retórica presidencial.

Na quinta-feira, a francesa Agnès Callamard, relatora da ONU para os direitos humanos, disse que as autoridades estão a “incitar à violência e à morte”.  

Duterte negou que as mortes sejam da responsabilidade da polícia e convidou "especialistas da ONU" a irem investigá-las, numa conferência de imprensa este domingo que foi transmitida em directo da sua cidade natal, Davao. "Vou provar ao mundo que vocês são uns especialistas estúpidos", desafiou, citado pela Reuters. 

“Talvez decida abandonar as Nações Unidas. Se vocês me faltarem ao respeito, filhos da p..., eu deixo-vos”, reagiu Rodrigo Duterte. O Presidente disse ainda que talvez vá fundar uma nova organização concorrente: “Convidarei todo o mundo, talvez a China, os [países] africanos...”

Em Junho, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, insurgiu-se contra Duterte por ter prometido, durante a campanha eleitoral, matar cem mil criminosos que iriam engordar os peixes na baía de Manila, a capital das Filipinas. “Condeno de uma forma inequívoca a aceitação provável de mortes extrajudiciais, que são ilegais e constituem uma violação dos direitos e das liberdades fundamentais”, disse Ban Ki-moon.

Depois da sua eleição, o Presidente filipino já tinha feito um ataque contra as Nações Unidas: “Vai-te f... ONU, és incapaz de resolver a carnificina no Médio Oriente, não levantas um dedo em África, fecha as portas de uma vez.”

No mês passado, o Presidente disse ainda que não vai ratificar o acordo do clima de Paris, apesar de o seu predecessor, Benigno Aquino, ter-se comprometido a ratificá-lo.