Usain Bolt: três vezes três antes dos 30

Triunfo jamaicano nos 4x100m vale terceira medalha de ouro ao rei da velocidade, repetindo o feito de 2008 e 2012.

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Já lhe chamaram muita coisa, mas a que Usain Bolt adoptou para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é “imortal”. O jamaicano já não precisaria de vir ao Brasil para ter esse esse estatuto. Quem é campeão olímpico por seis vezes e a ganhar todas as finais em que entrou, já se podia retirar que nunca seria esquecido, mas Bolt veio e ganhou mais três vezes. Começou nos 100m, continuou nos 200m e fechou a sua campanha olímpica a correr o último percurso da estafeta da Jamaica de 4x100m que conquistou a medalha de ouro, a nona da carreira de Bolt e a completar um inédito triplo-triplo na história do atletismo olímpico: ganhar as mesmas três provas em três edições dos Jogos.

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Já lhe chamaram muita coisa, mas a que Usain Bolt adoptou para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é “imortal”. O jamaicano já não precisaria de vir ao Brasil para ter esse esse estatuto. Quem é campeão olímpico por seis vezes e a ganhar todas as finais em que entrou, já se podia retirar que nunca seria esquecido, mas Bolt veio e ganhou mais três vezes. Começou nos 100m, continuou nos 200m e fechou a sua campanha olímpica a correr o último percurso da estafeta da Jamaica de 4x100m que conquistou a medalha de ouro, a nona da carreira de Bolt e a completar um inédito triplo-triplo na história do atletismo olímpico: ganhar as mesmas três provas em três edições dos Jogos.

"Aí têm, sou o maior", declarou Bolt, depois da corrida."Como vou celebrar? Vou deitar-me tarde". prosseguiu. "Estou aliviado. Aconteceu. Estou feliz e orgulhoso de mim próprio. Realizou-se."

Bolt iria fechar a volta à pista do Estádio Olímpico com autoridade depois de uns primeiros 300 metros sem um líder óbvio. Antes, Asafa Powell, Yohan Blake e Nickel Ashmeade estavam com algumas dificuldades para descolarem dos EUA, com Mike Rodgers, Justin Gatlin e Tyson Gay nos três primeiros percursos. Quando Ashmeade passou o testemunho para os 100m finais, as pernas de Bolt fizeram o resto. Trayvon Trammel não conseguiu fazer nada e ainda foi ultrapassado por Asuka Cambridge, jamaicano de nascimento, que fechou o quarteto do Japão.

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AFP Photo / Omega

Os EUA, que já não ganham uma prova de 4x100m desde Sydney 2000, terminaram em terceira e os quatro norte-americanos ainda deram uma volta à pista com a ilusão de que tinham ficado com o bronze, mas acabariam por ser desqualificados – houve duas infracções, uma na passagem de testemunho entre Gay e Trammel, e outra, com Trammel a pisar a pista do lado – subindo o Canadá ao pódio, com o duplo medalhado Andre de Grasse (bronze nos 100m e prata nos 200m) a fazer o último percurso. Foi uma melhor marca da época para os jamaicanos (37,27s), com os japoneses a conseguirem um novo recorde asiático (37,60s) e os canadianos a chegarem a um novo recorde nacional (37,64s).

A um dia de fazer 30 anos (21 de Agosto, dia da cerimónia de encerramento dos Jogos do Rio), Bolt terá corrido uma final olímpica pela última vez, embora este não seja ainda o fim da sua carreira – deverá ir aos Mundiais do próximo ano, em Londres. Mas, a acreditar no que o jamaicano tem dito nos últimos dias, ele está a sentir-se “velho”  e, por isso, tem rejeitado a ideia de mais quatro anos para chegar aos Jogos de Tóquio 2020. Só se for à capital japonesa é que se poderá tornar, de forma isolada, no atleta com mais medalhas de ouro no atletismo. Para já, as nove que já tem “apenas” chegam para empatar com o finlandês Paavo Nurmi e com o norte-americano Carl Lewis – só Michael Phelps, com 23, tem mais medalhas de ouro que estes três.

Bolt já leva 12 anos de Jogos Olímpicos e tudo começou de forma relativamente anónima, com uma presença breve e eliminação à primeira nos Jogos de Atenas em 2004. Claro que, quatro anos depois, explodiu em Pequim na primeira tripla olímpica da carreira, feito repetido em Londres e, agora, no Rio de Janeiro. Mas não vai, por enquanto, sucumbir aos apelos dos japoneses de continuar por mais quatro anos, uma decisão em que é acompanhado por Phelps, que consolidou no Rio o seu estatuto de mais titulado atleta olímpico de sempre. “Estou a ficar velho e já não recupero como antes”, disse o jamaicano após os 100m. Bolt sabe que já é imortal, mas também sabe que já não dura para sempre.