Elaine Thompson campeã também nos 200 metros

Jamaicana confirma ser a rainha da velocidade. EUA arrebatam os três lugadores do pódio nos 100m barreiras feminino.

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A grande final feminina dos 200m desta madrugada, noite de 17 de Agosto no Rio de Janeiro, voltava a opor a holandesa Dafne Schippers às velocistas americanas e jamaicanas. Nisso não havia nada de novo, desde que na última época Schippers se sagrou vice-campeã mundial dos 100m em Pequim e depois veio a ganhar de forma brilhante a distância dupla, à frente da jamaicana Elaine Thompson.

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A grande final feminina dos 200m desta madrugada, noite de 17 de Agosto no Rio de Janeiro, voltava a opor a holandesa Dafne Schippers às velocistas americanas e jamaicanas. Nisso não havia nada de novo, desde que na última época Schippers se sagrou vice-campeã mundial dos 100m em Pequim e depois veio a ganhar de forma brilhante a distância dupla, à frente da jamaicana Elaine Thompson.

A novidade foi o decepcionante quinto lugar da holandesa na final dos 100m de sábado, para uma atleta apresentada como sendo o antídoto da velha, cansada (e desunida) Europa à superioridade das velocistas negras das Américas. Schippers, desde que é velocista assumida – a partir do duplo triunfo nos 100 e 200m dos Europeus de 2014, de Zurique –, nunca se tinha mostrado tão incapaz face às americanas e jamaicanas. Daí que ela encarasse esta final dos 200m como uma redenção, e como hipótese de se manter como uma opção para número um mundial. Mas Elainne Thompson quereria decerto uma desforra do resultado de Pequim.

Como acontecera nos 400m entre Shaunae Miller e Allyson Felix, Schippers e Elaine Thompson encontraram-se antes de tempo, na meia-final, e a holandesa ganhou , ficando no entanto no ar a ideia de que isso não tivera um significado por aí além.

Na final desta quarta-feira, Dafne Schippers ficou com a pista quatro e com uma conveniente vista das costas de Tori Bowie, a americana medalhada de prata nos 100m, na pista cinco, e de Elaine Thompson, na seis. Foi a jamaicana a partir melhor, entrando na recta da meta na frente, mas à sua maneira Schippers começou a recuperar e a 50 metros do fim a holandesa estava à altura da jamaicana, e tudo levava a crer que iria ganhar. Porém, Thompson foi quem melhor reagiu na parte final, e voltou a distanciar-se, tendo Schippers, desequilibrada nos metros finais, sido impotente para travar a sua vitória, fechada com 21,78s (contra 21,8s da holandesa), um tempo de rara qualidade que é a melhor marca mundial de 2016. A americana Tori Bowie juntou a medalha de bronze nesta distância à prata que havia obtido nos 100m, com 22,15s.

Elaine Thompson, aos 24 anos de idade, confirmou-se como a indiscutível nova rainha da velocidade, ganhando as duas provas mais curtas do programa olímpico com tempos convincentes – o dos 100m com10,71s –e mostra-se uma digna sucessora de Veronica Campbell-Brown e Shelly Ann-Fraser.

A final do salto em comprimento feminina poderia proporcionar o segundo título olímpico seguido à americana Brittney Reese, mas ela tinha à partida fortes adversárias na sérvia Ivana Spanovic e na sua compatriota Tianna Bartoletta, duas vezes campeã mundial (com dez anos de diferença, em 2005 e 2015) e cheia de vontade de se resgatar da eliminação nas meias-finais dos 100m, dias antes. Entre Reese e Spanovic, qualquer delas apenas tinha perdido duas vezes em toda a temporada, e sempre no segundo lugar, e em confrontos directos a americana ganhara a Spanovic em casa, nos Mundiais de pista coberta de Portland, e a sérvia vencera no meeting da Liga de Diamante de Estocolmo.

O concurso foi emocionante, com várias alterações de comando e com saltos nulos de Reese e Spanovic a fazerem subir a tensão, pois poderiam ter proporcionado resultados de grande quilate. Ivana Spanovic tomou o comando logo ao primeiro ensaio com 6,95m, Tianna Bartoletta respondeu com 6,94m ao segundo salto e 6,95m ao terceiro, enquanto Brittney Reese fazia três nulos nos 4 primeiros saltos, com o único válido a 6,79m.

Sentia-se que Reese poderia ganhar se acertasse bem uma chamada, e de facto ao quinto salto passou para a frente com 7,09m. A sérvia fez logo a seguir frisson, com 7,08m (recorde nacional), mas Bartoletta era a última a saltar e arrancou também ela um máximo pessoal de 7,17m para tomar o comando antes do último ensaio. Reese, com 7,15m, e Spanovic, com 7,05m tiveram fortes respostas mas isso não chegou para destronar Tianna Bartoletta e impedir o seu terceiro grande título no salto em comprimento. Um recorde pessoal de 6,95m da alemã Malaika Mihambo serviu apenas para a quarta posição.

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REUTERS/Phil Nobl

A final de 100m barreiras não tinha, como já se sabia de há muito, a nova recordista (13,20s) mundial americana Kendra Harrison, dado que esta não passou o crivo do apuramento nos trials americanos, ficando de forma surpreendente em quinto lugar. Sem ela, mesmo assim o trio americano era do mais forte que já se viu na história da disciplina e procurava evitar, a todo o custo, o fiasco dos Mundiais do ano anterior, em Pequim, quando acabaram todas fora do pódio, e vendo lá ficar duas europeias. Brianna Rollins fora então a melhor americana, em quarta, Kendra Harrison fizera-se desqualificar por falsa partida na meia-final

Numa final em que sete de oito atletas (a excepção era a alemã Cindy Roleder) eram de fala inglesa, as americanas conseguiram mesmo uma improvável tripla no pódio. Brianna Rollins era a única favorita clara, foi a melhor cedo na prova e destacou-se para chegar ao título olímpico depois de ter conquistado o mundial de 2013, em Moscovo, ano em que batera o recorde americano de Gail Devers e com 12,26s fizera perigar já então o recorde mundial. Com 12,48s, Rollins guiou até ao pódio Nia Ali (12,54s) e Kristi Castlin (12,61s), sendo a britânica Cindy Ofili a melhor não-americana, no quarto lugar com 12,63s, adiante da campeã europeia Roleder (12,74s).

Pela primeira vez na história olímpica das barreiras altas femininas, e desde 1932, um país açambarcou todo o pódio!

Disputaram-se também as meias-finais masculinas de 200m e o melhor tempo de todos coube ao jamaicano Usain Bolt, com 19,78s, adiante do canadiano Andre de Grasse, que bateu o recorde nacional com 19,80s. Também LaShawn Merritt, o americano medalhado de bronze nos 400m, baixou dos 20 segundos, com 19,94. Com muita surpresa, na terceira e última meia-final, e passando apenas dois atletas directamente à final em cada série, o americano Justin Gatlin foi eliminado, ao perder para o panamiano Alonso Edward (20,07s) e para o holandês Churandy Martina (20,10s), com 20,13s, tempo que já não lhe pôde dar a repescagem.

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Bolt e De Grasse acabam a meia-final dos 200m a sorrir David Gray/Reuters