Direito de resposta: O Ornitólogo está em Locarno sem apoio do ICA
Dirijo-me a V.Exa. para, ao abrigo do disposto no art. 25° da Lei de lmprensa, exercer o direito de resposta relativamente à notícia publicada pelos jornalistas Jorge Mourinha e Joana Amaral Cardoso no dia 5 de Agosto com o título O Ornitólogo está em Locarno sem apoio do ICA, o que faço nos seguintes termos:
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Dirijo-me a V.Exa. para, ao abrigo do disposto no art. 25° da Lei de lmprensa, exercer o direito de resposta relativamente à notícia publicada pelos jornalistas Jorge Mourinha e Joana Amaral Cardoso no dia 5 de Agosto com o título O Ornitólogo está em Locarno sem apoio do ICA, o que faço nos seguintes termos:
O meu nome é João Figueiras e dirijo a produtora Blackmaria, responsável pela produção em Portugal do filme O Ornitólogo.
Nessa qualidade, entendo que os factos relatados no artigo carecem de melhor esclarecimento, por forma a que não subsistam dúvidas quanto à correcção da actuação e integridade da Blackmaria em todo o processo de produção e actividade promocional do filme (já que não me foi solicitado pelos jornalistas do PÚBLICO qualquer esclarecimento sobre o mencionado artigo).
Assim, previamente a quaisquer outras considerações, importa esclarecer que O Ornitólogo é uma co-produção entre Portugal/França e Brasil, tendo a pós-produção sido realizada em França.
Por se tratar de um filme ambicioso, o mesmo também só foi possível por o produtor português ter abdicado da sua percentagem de produção e honorários, o que só aconteceu devido à necessidade de defender as ambições artísticas do realizador, João Pedro Rodrigues, perante um cenário orçamental adverso que se indiciava pelas dificuldades do produtor brasileiro em conseguir desbloquear atempadamente a verba a si atribuída. O processo burocrático no Brasil através da Ancine demorou um ano a ser resolvido.
Acresce que a Blackmaria, independentemente dos outros dois co-produtores, e sem qualquer apoio financeiro do ICA, assumiu integralmente os custos inerentes à promoção possível, entregando ao realizador em 5 de Agosto material promocional impresso, depois de só ter recebido as artes finais do mesmo no dia 1 de Agosto por parte do realizador e do director de arte responsáveis pela sua concepção.
Por outro lado, o apoio financeiro à promoção do filme por parte do ICA, diversamente do que se pretende fazer crer, não está excluído, sendo ainda possível de obter. De acordo com as normas regulamentares em vigor – e que podem ser consultadas no sítio do ICA –, a candidatura a eventuais verbas pode ser apresentada até vários meses depois do término do festival mediante apresentação de despesas efectuadas. É intenção da Blackmaria fazê-lo quando estiver de posse de todos os elementos necessários e que ainda lhe não foram enviados pela co-produtora francesa. Até à data de publicação do artigo, a Blackmaria não reunia as condições formais necessárias à submissão da candidatura ao apoio mencionado. Apesar de pedir os materiais necessários e que são seus por direito desde 25 de Junho ao co-produtor francês. Refiro-me aos ficheiros (masters) da cópia final a entregar no ICA.
É pois falsa a ideia que se pretendeu inculcar de que o filme não iria beneficiar do apoio financeiro do ICA devido à negligência ou incapacidade da produtora Blackmaria ou mesmo do ICA. Na verdade, a Blackmaria, apesar de todas as dificuldades surgidas, está a procurar resolver e ultrapassar todos os problemas por forma a promover o filme e garantir o seu sucesso.
Foi solicitada atempadamente a participação dos co-produtores na iniciativa e estratégia de promoção do filme de forma proporcional à participação de cada um deles na produção. Ambos alegaram que não tinham verbas disponíveis. Não estavam portanto criadas as condições para a existência de fluxo financeiro para a promoção da obra, mesmo que posteriormente a mesma fosse apoiada pelo ICA.
Sendo a Blackmaria a produtora maioritária, o apoio à promoção está de certa forma condicionado pelas participações dos co-produtores.
Concluindo, a Blackmaria entende que o artigo é tendencioso, omite informação relevante e intenta contra o bom nome da produtora. A Blackmaria pondera interpor uma queixa-crime contra a direcção do jornal PÚBLICO e contra os jornalistas autores do artigo.
João Figueiras
Nota da Direcção Editorial
O PÚBLICO noticiou que a produtora não pedira, à data de publicação da notícia, financiamento do ICA para apoio à exibição no Festival de Locarno, facto que não é desmentido, bem como que há membros da equipa do filme que ainda não foram remunerados pelo seu trabalho. O PÚBLICO em momento algum referiu que a produtora não poderia ainda vir a fazer tal pedido de apoio, a posteriori, ao ICA.