MP investiga processo de reabilitação do Mercado do Bolhão, Porto

Queixa do arquitecto Joaquim Massena levou à abertura de inquérito. Autarquia está "tranquila".

Foto
As obras no exterior do mercado começaram no início deste mês Nelson Garrido

O Ministério Público (MP) está a investigar a existência de um eventual crime no processo de reabilitação do Mercado do Bolhão, no Porto, disse à Lusa fonte da Procuradoria-Geral da República. A abertura deste inquérito surge na sequência da queixa que o arquitecto Joaquim Massena apresentou na semana passada no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Ministério Público (MP) está a investigar a existência de um eventual crime no processo de reabilitação do Mercado do Bolhão, no Porto, disse à Lusa fonte da Procuradoria-Geral da República. A abertura deste inquérito surge na sequência da queixa que o arquitecto Joaquim Massena apresentou na semana passada no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.

Na quinta-feira, o PÚBLICO noticiou que Joaquim Massena, autor, em 1988, de um projecto para o Bolhão, apresentou uma participação ao MP, considerando que "há, pelo menos, duas questões relacionadas com o projecto e o processo do mercado que violam a Lei de Bases do Património Cultural"."A participação apresentada pelo arquitecto Joaquim Massena originou a abertura de inquérito no DIAP do Porto com vista a aferir da existência de ilícito criminal", afirma fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) numa resposta enviada à Lusa.

Contactado esta quarta-feira pela Lusa, Nuno Santos, adjunto do presidente da Câmara do Porto, afirmou que a autarquia "está tranquila" em relação à participação do arquitecto. "A Câmara está consciente de ter cumprido todos os procedimentos legais e administrativos, nomeadamente com entidades que supervisionam as áreas do ambiente e do património", disse, recordando que esta é a segunda participação de Massena ao MP e que a primeira, apresentada em 2015, foi arquivada.

Conforme o PÚBLICO noticiou, a anunciada demolição das barracas do terrado do mercado, que recebeu parecer favorável da Direção Regional de Cultura do Norte, bem como da Direção Geral de Cultura, é uma das questões levantadas pelo arquitecto, que considera estarem "impecáveis" e serem "um modelo de construção notável". O arquitecto defende também que a intervenção no subsolo de desvio de uma linha de água que atravessa todo o imóvel para as ruas Sá da Bandeira e Fernandes Tomás pode ser "perigosa" e "criar problemas até às construções envolventes.

As obras relacionadas com a recuperação do mercado centenário do centro do Porto começaram no dia 1 de Agosto, mas decorrem no exterior do espaço. O início da reabilitação do edifício está agendado para o primeiro trimestre de 2017, tal como a transferência dos lojistas para o centro comercial La Vie Porto, situado nas imediações. O custo total da operação de restauro e modernização do Bolhão, incluindo a "adaptação do espaço do mercado temporário", as "empreitadas de desvio de águas e construção do túnel" e "todo o processo de criação de imagem e promoção do mercado" é de cerca de 27 milhões de euros.