Uma peça para homenagear António Pedro, o homem-teatro
Em Janeiro de 2017, o Centro Dramático de Viana – Teatro do Noroeste estreará um espectáculo criado a partir da obra daquele que foi um artista total.
O Centro Dramático de Viana – Teatro do Noroeste, companhia profissional de Viana do Castelo, vai estrear, em Janeiro de 2017, uma peça de homenagem a António Pedro para dar a conhecer a obra do encenador, poeta, ficcionista, cronista, crítico de arte, pintor, escultor, ceramista, anunciou à Lusa o director artístico daquela companhia, Ricardo Simões.
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O Centro Dramático de Viana – Teatro do Noroeste, companhia profissional de Viana do Castelo, vai estrear, em Janeiro de 2017, uma peça de homenagem a António Pedro para dar a conhecer a obra do encenador, poeta, ficcionista, cronista, crítico de arte, pintor, escultor, ceramista, anunciou à Lusa o director artístico daquela companhia, Ricardo Simões.
António Pedro, que foi uma figura fundamental da renovação do teatro português no pós-guerra, sobretudo com a criação do Teatro Experimental do Porto, nasceu a 9 de Dezembro de 1909 na Cidade da Praia, em Cabo Verde, no seio de uma família com ascendência minhota e irlandesa. Viveu a maior parte da sua vida em Moledo do Minho, numa casa da tia paterna. Faleceu a 17 de Agosto de 1966 e encontra-se sepultado no cemitério de Seixas, em Caminha.
Ricardo Simões, que falava no Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo à margem da inauguração de uma exposição de cerâmica do artista, nos 50 anos da sua morte, explicou que o objectivo da nova produção teatral do Centro Dramático de Viana é "dar a conhecer o seu trabalho às gerações mais jovens".
"É um grande vulto da cultura portuguesa desconhecido por muitos. Estabeleceu relações de amizade com Pedro Homem de Melo, António Manuel Couto Viana, Ruben A., foi responsável pela organização da primeira exposição da obra da pintora Vieira da Silva, em Lisboa, e expôs os seus quadros ao lado de obras de Picasso, Max Ernst e Picabia e que conviveu com o movimento surrealista, em Paris. Queremos tirá-lo do esquecimento", destacou.
O espectáculo, uma coprodução com outra companhia que Ricardo Simões se escusou a revelar, terá estreia em Viana do Castelo, no Teatro Municipal Sá de Miranda, e "irá percorrer as escolas dos dez concelhos de distrito de Viana do Castelo. "Temos a esperança de transitar para o Porto porque foi naquela cidade que, enquanto encenador, António Pedro teve um papel muito importante no Teatro Experimental do Porto", adiantou.
A vereadora da Cultura da Câmara de Viana do Castelo, Maria José Guerreiro, referiu a necessidade de se "fazer justiça a um ilustre desconhecido". "Esta homenagem é uma forma de recuperarmos a memória de António Pedro, um artista injustificadamente esquecido. É necessário e urgente fazer justiça a António Pedro. Está muito esquecido. É uma figura de quem pouco se fala. Mesmo nos meios artísticos está muito pouco estudado e trabalhado", disse
Além da abertura da exposição, a Câmara de Viana do Castelo, em parceria com a companhia de teatro, realizou ainda uma sessão evocativa, intitulada António Pedro e Viana do Castelo, que relembrou a primeira exposição de desenhos apresentada pelo artista no antigo liceu da cidade ou a utilização do forno da Fábrica de Louça de Viana para acabamento das suas peças de cerâmica.
A sessão decorreu esta quarta-feira no edifício da Cooperativa Agrícola, construído em 1957, que integra dois painéis de azulejos e uma peça cerâmica concebidos pelo artista plástico.