Bolt mais perto da imortalidade
Com 9,81s, fez história ao conquistar terceiro título olímpico consecutivo nos 100m. Norte-americano Justin Gatlin, autor da melhor marca do ano, ficou em segundo lugar. Canadiano Andre De Grasse completa o pódio.
Houve questões físicas a perturbar a preparação, mas a confiança de Usain Bolt manteve-se inabalável e na pista do Estádio Olímpico do Rio de Janeiro viu-se porquê. O velocista jamaicano fez história, ao tornar-se o primeiro atleta a conquistar o título nos 100m em três ocasiões. E deu um passo em direcção à imortalidade, para onde pode continuar a caminhar na quinta-feira (madrugada de sexta em Portugal), na final dos 200m. Depois ainda fica a faltar a estafeta 4x100m para Bolt completar o que pode descrever-se como um triplo-triplo título olímpico.
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Houve questões físicas a perturbar a preparação, mas a confiança de Usain Bolt manteve-se inabalável e na pista do Estádio Olímpico do Rio de Janeiro viu-se porquê. O velocista jamaicano fez história, ao tornar-se o primeiro atleta a conquistar o título nos 100m em três ocasiões. E deu um passo em direcção à imortalidade, para onde pode continuar a caminhar na quinta-feira (madrugada de sexta em Portugal), na final dos 200m. Depois ainda fica a faltar a estafeta 4x100m para Bolt completar o que pode descrever-se como um triplo-triplo título olímpico.
O arranque não foi brilhante, como é seu costume, mas Bolt fez uma daquelas recuperações e foi mesmo o primeiro a cortar a meta. A primeira medalha nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro já lá canta. “O atletismo precisa que eu vença”, afirmara antes de partir para o Brasil. E o atletismo festejou mais um triunfo do carismático jamaicano. Bolt tornou-se o primeiro atleta da história a impor-se três vezes na prova mais rápida do programa. Triunfou em Pequim 2008 com 9,69s, estabelecendo um então recorde mundial; e em Londres 2012 com 9,63s, que continua a ser máximo olímpico. No Rio 2016 não houve recorde, mas nem por isso o jamaicano deixou de ser ovacionado pelas bancadas repletas do estádio que os brasileiros tratam carinhosamente por “Engenhão”.
Aclamado de cada vez que era filmado, quando ainda estava na pista de aquecimento, Bolt mostrou nas meias-finais quão confortável se sentia: acelerou, ganhou vantagem sobre os adversários e, na aproximação da meta, conseguiu olhar para o lado direito, depois para o esquerdo, e esboçar um sorriso enquanto abrandava nitidamente o ritmo. Os 9,86s valeram-lhe o tempo mais rápido das meias-finais e também a sua melhor marca do ano.
Passou pouco mais de uma hora até Usain Bolt voltar a ser chamado à pista. Desta vez era para correr a final, mas o jamaicano parecia ainda mais descontraído do que antes. Ensaiou a partida, saudou os adeptos nas bancadas e fez o seu espectáculo particular antes do momento de concentração nos blocos.
A saída de Bolt não foi extraordinária – raramente é. Com 0,155s, o jamaicano teve o segundo pior tempo de reacção ao tiro de partida. A dianteira da corrida foi tomada inicialmente pelo norte-americano Justin Gatlin, que momentos antes fora apupado. O campeão olímpico dos 100m em Atenas 2004 já cumpriu duas suspensões por doping e as bancadas fizeram questão de manifestar-se a esse respeito.
Mas Gatlin não conseguiu acompanhar o andamento irresistível de Usain Bolt, que surgiu imparável, ultrapassou e acelerou qual locomotiva em direcção à meta. O cronómetro parou aos 9,81s, aquém das marcas que lhe valeram os títulos anteriores mas suficiente para garantir a primeira medalha de ouro no Rio 2016 e o terceiro título consecutivo nos 100m.
“Alguém disse que posso tornar-me imortal. Faltam duas medalhas e posso despedir-me. Como imortal”, afirmou após a corrida, mostrando-se satisfeito com o seu desempenho: “Foi brilhante. Não fui tão rápido mas estou feliz por ter vencido. Eu avisei que ia ganhar.”
A medalha de prata ficou para o norte-americano Justin Gatlin, autor daquela que continua a ser a melhor marca mundial do ano (9,80s), mas que na final do Rio de Janeiro terminou com 9,89s. E o canadiano Andre De Grasse completou o pódio com 9,91s. “Foi a primeira vez que estive num estádio onde apuparam o Justin Gatlin. Isso surpreendeu-me”, confessou ainda Bolt.
Em êxtase, as bancadas do “Engenhão” vitoriaram o velocista jamaicano, que celebrou à altura do feito histórico obtido. Enquanto dava a volta de honra ao estádio, enrolado na bandeira da Jamaica, posou para a foto com as medalhadas do heptatlo feminino – cuja cerimónia de pódio tinha decorrido pouco antes e se deixaram ficar por ali a ver o homem mais veloz do mundo. E, numa derradeira ovação, os adeptos foram ao delírio quando Bolt fez a pose característica, que lhe valeu a alcunha de “Thunder” (Raio). Era um quase-imortal a passear entre os mortais no Rio de Janeiro.