Civil ferido com gravidade em S. Pedro do Sul

Incêndio que começou há quase uma semana em Arouca passou para o distrito de Viseu e várias aldeias do concelho de S. Pedro do Sul foram rodeadas pelas chamas. Dezenas de pessoas tiveram de ser retiradas de casa

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Um supervisor da Afocelca, um conjunto de empresas da indústria do papel, ficou este sábado gravemente ferido num incêndio de grandes dimensões que passou de Arouca para o concelho de S. Pedro do Sul. Inicialmente o ferido foi identificado como um bombeiro e também como sapador florestal, mas a Autoridade Nacional de Protecção Civil esclareceu neste domingo que se trata de um civil, que se encontrava dentro da sua viatura quando foi surpreendido pelas chamas. Estaria a avaliar a proximidade do fogo em relação a terrenos da propriuedade das empresa da Afocelca.

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Um supervisor da Afocelca, um conjunto de empresas da indústria do papel, ficou este sábado gravemente ferido num incêndio de grandes dimensões que passou de Arouca para o concelho de S. Pedro do Sul. Inicialmente o ferido foi identificado como um bombeiro e também como sapador florestal, mas a Autoridade Nacional de Protecção Civil esclareceu neste domingo que se trata de um civil, que se encontrava dentro da sua viatura quando foi surpreendido pelas chamas. Estaria a avaliar a proximidade do fogo em relação a terrenos da propriuedade das empresa da Afocelca.

Encontra-se internado na Unidade de Queimados dos hospitais universitários de Coimbra. O seu estado é descrito como "reservado".  

O incêndio que lavra há quase uma semana em Arouca passou para o distrito de Viseu e várias aldeias do concelho de S. Pedro do Sul, espalhadas pela Serra de S. Macário, foram rodeadas pelas chamas. Dezenas de pessoas tiveram de ser retiradas dos locais onde moram. O fogo deixou um rasto de casas destruídas à sua passagem. Depois de uma noite de alerta, população e bombeiros receberam a ajuda dos meios aéreos e de várias corporações do sul de Portugal. Porém, os bombeiros queixam-se de que, à falta de meios se junta agora também a falta de comando. “Temos agora mais corporações, mas não há quem lhes diga para onde devem ir”, diz um sapador florestal.

No telhado de uma casa no meio da aldeia do Ervilhal, um homem de máscara e de mangueira em punho olha a Serra de S. Macário, no concelho de S. Pedro do Sul, na esperança de que as chamas se desviem, enquanto colunas de bombeiros chegam de Vila Real de Santo António, Lagos, Silves e Setúbal, para evitar que esta aldeia sofra o mesmo que outras vizinhas: habitações destruídas e localidades evacuadas. “Quem diria que de Arouca chegava aqui!”, ouvia-se dizer.

Em conferência de imprensa ao princípio da noite deste sábado, o comandante operacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil, José Manuel Moura, explicou que este era o incêndio mais preocupante do país, até porque o seu combate se revelava “muito difícil. Na altura, havia 15 fogos activos, cinco deles a merecer maior preocupação: além do de São Pedro do Sul, que mobilizava mais de 700 operacionais, 200 veículos e sete meios aéreos, seis dos quais aviões Canadair, as chamas lambiam Salvaterra de Magos, Ponte de Lima, Alijó e Albergaria-a-Velha. Os dois aviões russos que chegaram a Portugal poderão juntar-se amanhã ao combate, acrescentou o mesmo responsável. 

Aldeia destruída

De enxadas e ramos na mão, os moradores de Macieira passaram o dia de sábado a olhar para todos os lados para tentarem perceber de onde vinham as frentes dos vários incêndios que desciam a serra. Esta localidade, que por altura do Verão triplica o número de habitantes, preparava-se para passar a segunda noite em alerta, em vez do esperado fim-de-semana em festa, que acabou por ser cancelado. A aldeia esteve rodeada pelas mesmas chamas que horas antes tinham destruído seis casas em Soito e obrigado à retirada de 12 pessoas. Neste pequeno lugar, algumas habitações que servem de casas de férias ou de fim-de-semana ficaram queimadas. Outras ainda conseguiram ser salvas.

“A casa da minha sogra ardeu. Ela não morava lá permanentemente, mas tinha lá todas as suas coisas”, lamentava Cátia Almeida enquanto percorria o caminho de cerca de três quilómetros que liga Macieira a Soito. De um lado e do outro, fumo, chão negro, campos agrícolas destruídos, postes de electricidade tombados e lojas de arrumos ainda tomadas por chamas. Assim que chegou ao Soito, o que viu foi um cenário “de guerra”. Casas sem telhados, paredes caídas, madeiras a arder. “Isto é inacreditável”, desabafava.

Segundo o presidente da Junta de Freguesia de S. Martinho das Moitas e Covas do Rio, desde sexta-feira à noite os fogos já tinham consumido 80 por cento dos terrenos da freguesia. Ao final da tarde, as frentes deixaram a freguesia descansar e desceram a encosta até Sul. Também nesta localidade a população estava em alerta e muitos moradores, por vontade própria, optaram por deixar as suas casas até a situação acalmar.

“Fui a casa buscar umas coisas que precisava. Agora vou embora com os meus pais, que aqui nem respirar se consegue. Não sei o que vou encontrar quando voltar, mas casas há muitas e vidas só uma”, resumia uma das habitantes, enquanto dava lugar aos bombeiros, que começavam a posicionar-se à volta das habitações.

Chamas queimam “montanhas mágicas”

O reforço de bombeiros no terreno ajudou a evitar “situações mais dramáticas”, admitiu o presidente da Câmara de S. Pedro do Sul. Vítor Figueiredo. O autarca lamentou, no entanto, que a falta de meios tenha levado a que a situação se tivesse tornado “muito grave”, quando os incêndios chegaram ao concelho. “Não estávamos a conseguir salvar a nossa mata florestal. Tivemos 16 quilómetros de frente activa que destruíram as nossas montanhas mágicas”, lamentava, ainda na sexta-feira, o autarca.

O concelho de S. Pedro do Sul, juntamente com os de Arouca, Castelo de Paiva, Vale de Cambra, Castro Daire, Sever do Vouga e Cinfães faz parte do roteiro turístico que engloba as serras de S. Macário, Arada, Freita e Montemuro. A oferta composta pela paisagem, pelos rios e pelas aldeias encravadas nos vales é apelidada de montanhas mágicas.

Título e notícia corrigida às 19h19 de 14 de Agosto. Ferido não é um bombeiro, mas sim um civil.