Erros em catadupa afastaram Portugal das medalhas no futebol
Selecção foi goleada pela Alemanha de forma inteiramente justa. Quarteto defensivo fez jogo para esquecer e, no ataque, a falta de argumentos foi notória.
O futebol era uma das modalidades em que Portugal tinha possibilidades de trazer uma medalha dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Mas o sonho acabou nos quartos-de-final, com uma goleada de 0-4 sofrida aos pés de uma Alemanha que na fase de grupos não tinha mostrado tamanho poder. Além da qualidade alemã, a selecção nacional pode-se queixar bastante de si própria. Um sem número de erros defensivos e a falta de argumentos no ataque também contribuíram para a eliminação.
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O futebol era uma das modalidades em que Portugal tinha possibilidades de trazer uma medalha dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Mas o sonho acabou nos quartos-de-final, com uma goleada de 0-4 sofrida aos pés de uma Alemanha que na fase de grupos não tinha mostrado tamanho poder. Além da qualidade alemã, a selecção nacional pode-se queixar bastante de si própria. Um sem número de erros defensivos e a falta de argumentos no ataque também contribuíram para a eliminação.
Na equipa portuguesa causou surpresa a decisão de Rui Jorge de prescindir de Gonçalo Paciência, que contava com três golos em três jogos, na fase de grupos. Em vez disso, Portugal alinhou com uma frente mais móvel, composta por Carlos Mané e Salvador Agra, apoiados por André Martins e Bruno Fernandes.
Foi um início espectacular de encontro, muito vivo de parte a parte. Logo aos 45 segundos, o ataque móvel da selecção nacional apareceu, com Agra a cruzar e Mané a rematar para grande defesa de Horn. Estava dado o aviso, mas, a partir daí, só deu Alemanha. Foram oportunidades umas atrás das outras para os germânicos, mas a bola ou passava a milímetros do poste (o que aconteceu mais que uma vez) ou Bruno Varela, com mais uma grande exibição, ia resolvendo. Na selecção alemã destacava-se o avançado Davie Selke, mas é difícil dizer se o fazia pela positiva ou pela negativa: foi o jogador que mais oportunidades de golo criou mas também quem revelou mais falta de pontaria.
O destaque negativo da primeira parte vai para a defesa portuguesa: Ricardo Esgaio, Tobias Figueiredo, Edgar Ié e Fernando Fonseca foram apanhados várias vezes à deriva. O principal problema prendeu-se com as bolas colocadas nas costas do lateral-direito, Fonseca, que andou perdido durante todo o jogo. Num desses lances, Gnabry, com muito espaço, inaugurou o marcador. Estávamos no primeiro minuto da compensação e a “equipa das quinas” ia para o intervalo a perder justamente.
O início do segundo tempo foi em tudo parecido com o do primeiro. Portugal foi, mais uma vez, a primeira equipa a ameaçar: Fonseca tirou um bom cruzamento da direita e Bruno Fernandes cabeceou com perigo ao lado. Só que não demorou muito para a Alemanha voltar a tomar conta do jogo e a criar muito perigo. Aos 54 minutos, Edgar Ié salvou na pequena área, após iniciativa individual de Brandt e, aos 56’, foi Bruno Varela, com o pé direito, a evitar o bis de Gnabry, num lance em que Fonseca voltou a ficar “nas covas”. Não foi, pois, surpresa os alemães terem voltado a marcar, aos 57 minutos. Num canto, Ginter teve espaço para saltar entre Bruno Fernandes e Edgar Ié e fez o segundo.
Só a perder por 0-2 é que Rui Jorge colocou Gonçalo Paciência em campo e o resultado dessa alteração é que Portugal melhorou, conseguindo jogar mais subido no terreno, mas sem criar perigo. Foi nessa melhor fase da selecção nacional que a Alemanha, que até tinha tirado o pé do acelerador, "matou" o jogo. Tiago Silva perdeu a bola a meio-campo, os alemães colocaram-na em Selke e o avançado fez o terceiro, colocando a nu, mais uma vez a fragilidade da defesa lusa. Daí (75 minutos) até final foi uma questão de ver se Portugal conseguia, pelo menos, fazer um golo, o que esteve perto de acontecer numa iniciativa individual de Carlos Mané. Quem marcou mesmo foram os germânicos, que chegaram à goleada aos 87’, por Philipp Max.
Para Rui Jorge, que é também o técnico dos sub-21, foi a primeira derrota em cinco anos, ao 30º jogo como seleccionador nacional. “Acho que não conseguimos ser superiores à Alemanha defensivamente. Eles criaram várias ocasiões de golo e ao intervalo a vantagem podia até ter sido maior. Penso que não foi um problema da linha defensiva, mas sim de equipa. Não conseguimos anular a circulação de bola dos alemães, não conseguimos ser suficientemente pressionantes e não conseguimos ganhar muitas vezes a segunda bola”, admitiu o técnico, a quem não custou reconhecer a justiça da vitória alemã: “Acaba por ser um resultado volumoso mas que não deixa dúvidas”.