Teddy Riner, como não podia deixar de ser
O judoca francês renovou o título olímpico na categoria livre e continua invicto desde 2010. “A Marselhesa” tocou duas vezes graças ao triunfo de Émilie Andéol (+78kg)
É daquelas coisas certas na vida, como os rios correrem para o mar ou os dias terem 24 horas. Teddy Riner é campeão olímpico de judo na categoria livre (+100kg) e mantém um percurso imaculado que dura desde 2010. O gigante francês derrotou quem lhe apareceu pela frente na Arena Carioca 2 e arrebatou a medalha de ouro, encerrando um dia de “bis” para o judo francês, já que Émilie Andéol também se impôs na competição feminina de +78kg. No Rio de Janeiro estabeleceu-se ainda um novo recorde olímpico: 26 países ganharam medalhas no judo, entre os quais Portugal, com Telma Monteiro (-57kg) a conquistar o bronze.
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É daquelas coisas certas na vida, como os rios correrem para o mar ou os dias terem 24 horas. Teddy Riner é campeão olímpico de judo na categoria livre (+100kg) e mantém um percurso imaculado que dura desde 2010. O gigante francês derrotou quem lhe apareceu pela frente na Arena Carioca 2 e arrebatou a medalha de ouro, encerrando um dia de “bis” para o judo francês, já que Émilie Andéol também se impôs na competição feminina de +78kg. No Rio de Janeiro estabeleceu-se ainda um novo recorde olímpico: 26 países ganharam medalhas no judo, entre os quais Portugal, com Telma Monteiro (-57kg) a conquistar o bronze.
Os combates da categoria +100kg transformaram-se quase numa formalidade. Riner, que não sofre uma derrota desde 2010 e domina, há praticamente uma década, o judo mundial na categoria, é campeão do mundo consecutivamente desde 2007. É quase desconcertante a postura imperturbável e descontraída que exibe antes dos combates, enquanto ao lado os adversários sobem ao tatami com o ar de um condenado que caminha para o cadafalso. Sabem que, mais cedo ou mais tarde, o francês de 2,03 metros e 139 quilos há-de prevalecer. No Rio de Janeiro não houve novidade nesse departamento.
Riner renovou o título obtido em Londres, começando por desembaraçar-se de Mohamed-Amine Tayeb (1,90m e 100kg) em pouco mais de um minuto, praticamente sem descompor o quimono: com um ippon por imobilização venceu o argelino e marcou encontro com o brasileiro Rafael Silva (2,03m e 160kg) nos quartos-de-final. Ainda que muito incentivado pelas bancadas, o judoca da casa não conseguiu contrariar o francês, que marcou um waza-ari. Seguiu-se o israelita Or Sasson (1,93m e 120kg), no combate de acesso à final, naquele que terá sido o duelo que mais trabalho deu a Riner. Um waza-ari mesmo a terminar o tempo regulamentar confirmou a presença de Teddy “Bear” na discussão da medalha de ouro. Nas repescagens, o israelita e o brasileiro acabariam por conquistar as medalhas de bronze. Rafael Silva deu a quarta medalha ao Brasil (e a terceira no judo).
Tudo corria como planeado para o atleta escolhido como porta-estandarte da França na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Teddy Riner enfrentou na final o japonês Hisayoshi Harasawa e começou na ofensiva, numa jogada de intimidação do adversário que deu resultado. Rapidamente surgiram duas penalizações para o japonês, por postura defensiva e falso ataque. O tempo corria a favor do francês, que triunfou pelos castigos aplicados ao adversário. Ergueu os punhos, bateu no peito, abraçou o treinador e foi engolido por um mar de fotógrafos. Riner tornava-se no terceiro judoca a conquistar a medalha de ouro na categoria +100kg em edições consecutivas dos Jogos Olímpicos, juntando-se ao compatriota David Douillet (em 1996 e 2000) e ao japonês Hitoshi Saito (1984 e 1988).
“O trabalho foi recompensado. Este ciclo olímpico foi difícil para mim, tive de ser operado duas vezes e ainda não tinha recuperado todas as sensações. Mesmo que o combate da final não tenha sido espectacular, a medalha é minha. Eu sou duplo campeão olímpico”, sublinhou Riner. “Esta medalha tem um grande sabor. Estou muito feliz e orgulhoso, foram momentos magníficos. Agora posso recuperar e desfrutar”, acrescentou.
A medalha de Teddy Riner fez com que “A Marselhesa” tocasse uma segunda vez na Arena Carioca 2. Pouco antes, o hino francês já se tinha ouvido em honra de Émilie Andéol. A judoca de 28 anos deu o título à França na categoria livre feminina (+78kg) ao derrotar na final a cubana Idalys Ortiz, campeã olímpica em título. Num combate decidido apenas com recurso ao ponto de ouro, a francesa conseguiu um ippon e subiu ao lugar mais alto do pódio, onde não conseguiu segurar as lágrimas que lhe caíam pela cara. “Nem queria acreditar. Não tinha nada a perder na final. Os combates da manhã foram muito difíceis, mas fiz o que tinha a fazer e aqui estou, uma campeã olímpica”, congratulou-se. As medalhas de bronze ficaram para a japonesa Kanae Yamabe e a chinesa Yu Song, campeã mundial em título.
A prata de Hisayoshi Harasawa e o bronze de Kanae Yamabe encerraram a contabilidade para o Japão no judo, com um total de 12. E deixaram um panorama ligeiramente melhor do que o verificado há quatro anos, em Londres. Nos Jogos Olímpicos de 2012, e pela primeira vez desde 1964, ano de estreia do judo no programa olímpico, a nação-berço desta arte marcial não conquistou qualquer medalha de ouro na competição masculina. Desta vez, Shohei Ono (-73kg) e Mashu Baker (-90kg) levaram o título para casa – aos quais se juntou Haruka Tachimoto na competição feminina de -70kg.