Marcelo foi à Madeira entregar um "abraço de Portugal" e deixar recado a Costa
O Presidente da República visitou a ilha da Madeira esta quarta-feira. António Costa chega esta quinta-feira e irá reunir-se com o Governo regional.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta quarta-feira na ilha da Madeira para visitar as zonas mais afectadas pelos incêndios que continuam a devastar a ilha e "trazer o abraço de Portugal", mas deixou alguns recados. O Presidente da República lembrou que o primeiro-ministro vai estar na para discutir apoios concretos e que a visita de António Costa "não é só de solidariedade, é executiva".
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta quarta-feira na ilha da Madeira para visitar as zonas mais afectadas pelos incêndios que continuam a devastar a ilha e "trazer o abraço de Portugal", mas deixou alguns recados. O Presidente da República lembrou que o primeiro-ministro vai estar na para discutir apoios concretos e que a visita de António Costa "não é só de solidariedade, é executiva".
As declarações do chefe de Estado aconteceram na véspera da chegada do primeiro-ministro à ilha, onde estará reunido com o governo regional madeirense e com os presidentes dos três municípios mais afectados pelo fogo.
António Costa vai sentar-se "à mesa com o senhor presidente do Governo Regional e vão ver de onde vêm os fundos, se é da Europa, se é do Orçamento, para que situação de emergência", notou Marcelo. Depois, "feito o levantamento, feitas as contas, feito o somatório das necessidades, é preciso começar a reconstruir".
O Presidente recordou ainda que Miguel Albuquerque "marcou um prazo claro" de duas semanas para apresentar os números e os levantamentos dos estragos.
Marcelo notou também que "quer na zona florestal, quer na zona urbana, são os terrenos abandonados" onde surgem os incêndios. "Falaram que prédios que foram mais rapidamente atingidos foram prédios abandonados, devolutos. E isso, com todo o devido respeito pela propriedade de direito e pelos proprietários, não pode continuar assim", avisou. "Tem que se pensar num regime em que, se os próprios não conseguem e não pagam as obras, que de outra maneira se fariam, tem de haver uma intervenção da administração para pelo menos garantir que se previne uma situação daquilo não ser um foco de incêndio", defendeu.
Já na quarta-feira em Gouveia, o Presidente da República tinha lembrado a necessidade de se apostar no ordenamento do território, para que possa evitar e controlar tragédias semelhantes no futuro e colocou uma data na agenda: final de Agosto ou início de Setembro. “Depois de feito o cadastro" deve criar-se "um estímulo que obrigue ou incentive as pessoas a tratarem dessas propriedades”, numa colaboração “que envolva Estado, municípios e proprietários”, afirmou, lamentando o cenário de mão criminosa que estará na origem de alguns incêndios. “Às tantas da noite ninguém está a fazer fogueiras, nem nenhum tipo de actividade que não seja para querer tirar proveito da situação que se vive - do calor, da temperatura, do vento - para as coisas mais variadas", analisou.
Na Madeira, o chefe de Estado deixou uma mensagem de esperança: entregou “o abraço de Portugal à Madeira”, elogiou o trabalho dos bombeiros e, depois da visita de quatro horas, prometeu regressar no final do mês para inaugurar uma casa destruída pelas chamas e para acompanhar os trabalhos de recuperação.
"Agora a grande urgência é apoiar os que estão ainda em luta, em combate, ou têm de estar, pelo menos, em alerta por estes dias e dar-lhes uma palavra de gratidão”, sublinhou o Presidente da República, citado pela Lusa. “Achava que ia encontrar muita gente em baixo e encontrei uma força de ânimo, uma determinação”, acrescentou.
Segundo os números do governo madeirense, os incêndios já provocaram três mortos, dois feridos graves, mais de 170 feridos ligeiros, uma pessoa desaparecida, perto de mil deslocados, pelo menos 150 habitações destruídas, entre as quais alguns monumentos históricos e dois hospitais evacuados.
Depois de o líder do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, ter negado a existência de uma “catástrofe”, a ilha recebeu cerca de 115 efectivos de Lisboa e outros 30 operacionais dos Açores para reforçar as equipas no combate aos incêndios, numa altura em que se registou um recorde nas temperaturas.
O presidente madeirense não escapou às críticas da população, que se queixa de falta de meios e de uma reacção lenta às chamas. Entre as vozes críticas esteve o antigo candidato presidencial, Edgar Silva.
O Governo português accionou esta quarta-feira o mecanismo europeu de protecção civil e já obteve a resposta positiva de um avião Canadair italiano, aviões Canadair espanhóis e dois aviões marroquinos que virão para Portugal ajudar no combate aos incêndios.
Na manhã de quinta-feira, cerca de dois mil bombeiros combatiam as chamas dos 12 maiores incêndios em Portugal, num cenário “dantesco” visível do espaço e com o qual até a internet se solidarizou.