Sol e surf na Caparica, multiculturalidade no Boom (e música pelo meio)
Na Costa da Caparica, a lusofonia alia-se à praia e ao surf no Sol da Caparica; em Idanha-a-Nova, as artes e culturas do Boom Festival trazem festivaleiros de 162 países. Os dois festivais arrancam esta quinta-feira.
Os dias de calor que se têm feito sentir desde o início de Agosto estão para ficar e vêm mesmo a calhar para a terceira edição da festa de ritmos e sotaques da língua portuguesa que é o festival Sol da Caparica. Descrito pela organização como uma “celebração de sol, praia, surf e música”, recebeu 70 mil pessoas no ano passado e espera o mesmo número nesta edição que decorre entre quinta-feira e domingo no Parque Urbano da Caparica, em Almada.
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Os dias de calor que se têm feito sentir desde o início de Agosto estão para ficar e vêm mesmo a calhar para a terceira edição da festa de ritmos e sotaques da língua portuguesa que é o festival Sol da Caparica. Descrito pela organização como uma “celebração de sol, praia, surf e música”, recebeu 70 mil pessoas no ano passado e espera o mesmo número nesta edição que decorre entre quinta-feira e domingo no Parque Urbano da Caparica, em Almada.
De Portugal a África e ao Brasil, a língua portuguesa impera através de 33 artistas de múltiplos géneros (rock, fado, funk, hip-hop e kizomba) que actuarão em dois palcos. No primeiro dia, há o kizomba de C4 Pedro, o quinteto Orelha Negra, David Fonseca, que apresenta o seu primeiro álbum cantado em português, Futuro Eu (2015), e os Deolinda, que têm na bagagem o recente Outras Histórias, lançado em Fevereiro. Também o rapper Valete, a cantora angolana Aline Frazão e os Mão Morta actuam esta quinta-feira, assim como o quarteto de concertinas Danças Ocultas, que dialoga em palco com a Orquestra Filarmonia das Beiras.
No segundo dia do Sol da Caparica, Jorge Palma e Sérgio Godinho mostram o repertório de quatro décadas que originou vários concertos eternizados no disco Juntos (2015). O rap continua presente com Jimmy P e Mundo Segundo & Sam the Kid. As canções de Chico Buarque também viajam até à Caparica pelo piano de Mário Laginha e pela voz de Cristina Branco. Aurea, Diogo Piçarra e os The Gift também apresentam os seus últimos álbuns na sexta-feira.
Os Melech Mechaya, quinteto português de música klezmer, e a cabo-verdiana Elida Almeida trazem outros ritmos no sábado, que também é dia de receber o “pai do rock português”, Rui Veloso, e Os Azeitonas. O kizomba volta com Nelson Freitas, mas juntam-se-lhe o fado de Ana Moura, o pop-rock da Ala dos Namorados. E ainda X-Wife, The Black Mamba, Capitão Fausto e We Trust.
O último dia do festival é dedicado ao público infantil, com destaque para o espectáculo Canções, Lengalengas e Outras Que Tais, em que que Ana Bacalhau (dos Deolinda), Samuel Úria, Sérgio Godinho e Vitorino, vão recordar “as canções que entoavam no recreio”, a par das suas.
Para além da música, o festival Sol na Caparica aposta na arte urbana. Haverá uma exposição e projecção em tela dos trabalhos do ilustrador Pedro Lourenço e uma criação em tempo real de um painel de 20 metros em graffiti pelo writer Smile. O surf é o desporto rei na Caparica e, por isso, o Surf At Lisbon vai apresentar premiadas curtas-metragens sobre ele.
Haverá também debates sobre a língua portuguesa, uma selecção de 200 novos filmes de animação da Monstra que passam entre as actuações, e workshops e performances de dança, este ano com palco próprio. Ao todo, serão 11 horas diárias de actuações.
Ser um só com a Natureza
Se na Costa da Caparica haverá uma panóplia de ritmos e sotaques da língua portuguesa, em Idanha-a-Nova, Castelo Branco, o público é convidado a desligar-se da língua e da nacionalidade, e a estabelecer contacto consigo próprio e com a Natureza. O Boom Festival, que acontece também a partir desta quinta-feira nos 150 hectares da Herdade da Granja, tem os mais de 33 mil bilhetes esgotados desde Dezembro.
Este ano, o festival bienal que se realiza desde 1997 recebe 500 pessoas do Japão, o país convidado desta edição. De acordo com a Agência Lusa, são esperados festivaleiros de 162 países, que constituem 90% do público. Distinguido no mês passado pela revista norte-americana Rolling Stone como um dos “sete espectaculares acontecimentos do mundo”, o Boom mereceu o destaque da publicação pelo combinado de artes circenses, teatro de rua, malabaristas, dançarinos e filmes que permitem “um regresso à vibração boémia e espiritual dos anos 60” e pela sua premiada política de sustentabilidade.
Durante oito dias, o Boom Festival voltará a oferecer uma experiência multissensorial, multidisciplinar e multicultural distribuída por vários espaços. Regressa o Dance Temple, onde cada dia começa com um concerto de uma banda de trance orgânico. As Art Installations terão Land Art, videomapping, projecções, pinturas, esculturas e jardinagem; no Sacred Fire, fazem-se workshops de gastronomia e ambiente. Neste último espaço, cada noite é temática e a música vai ao encontro do tema: do afro beat ao psych rock, do dub ao fusion sound.
A Liminal Village será palco de debates sobre ambientalismo e modos de vida sustentáveis, o Alchemy Circle junta vários ritmos e géneros musicais e o Being Fields aborda práticas de conexão com a natureza como o ioga, a meditação e a medicina oriental. A tradição flamenga, tibetana e amazónica serão convocadas no Museum of Visionary Art, uma galeria ao ar livre.
O Boom Festival abre portas às 11h desta quinta-feira e termina às seis da manhã do dia 18 de Agosto.
Texto editado por Inês Nadais