Recorde de temperaturas batido na Madeira
Durante 48 horas, a ilha teve temperaturas anormalmente altas.
Na terça-feira, a temperatura mínima no Funchal foi de 29,6 graus Celsius. Nunca se registou uma temperatura mínima tão alta, ficando 3,7 graus acima do anterior máximo, de 25,9 graus a 12 de Agosto de 1976, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). É este o contexto meteorológico em que surgiu o terrível incêndio na Madeira.
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Na terça-feira, a temperatura mínima no Funchal foi de 29,6 graus Celsius. Nunca se registou uma temperatura mínima tão alta, ficando 3,7 graus acima do anterior máximo, de 25,9 graus a 12 de Agosto de 1976, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). É este o contexto meteorológico em que surgiu o terrível incêndio na Madeira.
“O Funchal foi afectado por tempo excepcionalmente quente”, lê-se numa nota desta quarta-feira do IPMA. Entre as 6h de segunda-feira e as 6h de quarta-feira, a temperatura do ar foi sempre superior a 28 graus e atingiu mesmo os 38,2 graus na terça-feira.
Às temperaturas altíssimas (a máxima ficou agora um pouco abaixo do recorde de 10 de Agosto de 1976, de 38,5 graus), juntaram-se uma humidade relativa do ar inferior a 30% e vento moderado com rajadas de 50 a 80 quilómetros por hora. “Estas condições meteorológicas excepcionais, antecedidas já por dias quentes e secos, condicionaram fortemente os acontecimentos”, lê-se na nota.
Será que há aqui a mão das alterações climáticas, como no Verão tórrido de 2003? “Em cima do acontecimento é impossível dizer”, refere ao PÚBLICO Ricardo Trigo, especialista em alterações climáticas da Universidade de Lisboa. Mas o cientista lembra que nos últimos tempos a Terra viveu meses sucessivos de recordes de temperatura mensal e a temperatura média da Madeira está a aumentar nas últimas décadas. Por isso, a todos os fenómenos meteorológicos “está sobreposta uma tendência global de aquecimento”, diz.
O que originou esta onda de calor tanto na Madeira como no Continente foi o desvio do anticiclone dos Açores para noroeste da Península Ibérica, o que permitiu que se mantivesse uma massa de ar quente e seco no território português. “Os próximos cinco dias serão mais amenos”, segundo o IPMA.