Taxi Driver fala outra vez connosco

Versão restaurada para comemorar o 40.º aniversário: o regresso às salas do filme mítico de um tempo e de um cineasta – o Martin Scorsese de 1976 – começa este Agosto em algumas salas europeias.

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Uma imagem mais definida, um novo poster, novo trailer, e Taxi Driver em versão restaurada poderá voltar a ser usufruído na obscuridade. É o regresso às salas do filme mítico de um tempo e de um cineasta – o Martin Scorsese de 1976 – que a partir deste mês começa a circular, na passagem do seu 40.º aniversário, em salas de cinema europeias, Suíça e Áustria em primeiro lugar, a partir de Setembro será a América do Sul, segundo o jornal francês Le Figaro que citava o Hollywood Reporter.

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Uma imagem mais definida, um novo poster, novo trailer, e Taxi Driver em versão restaurada poderá voltar a ser usufruído na obscuridade. É o regresso às salas do filme mítico de um tempo e de um cineasta – o Martin Scorsese de 1976 – que a partir deste mês começa a circular, na passagem do seu 40.º aniversário, em salas de cinema europeias, Suíça e Áustria em primeiro lugar, a partir de Setembro será a América do Sul, segundo o jornal francês Le Figaro que citava o Hollywood Reporter.

Palma de Ouro de Cannes em 1976, um dos 100 melhores filmes de todos os tempos segundo lista da revista Time, um êxito no seu tempo, quando o cinema americano expunha assim, de forma feroz, a fragilidade e as neuroses ao mainstream (13 milhões de dólares de orçamento, só nos EUA ultrapassou os 28 milhões), é um dos cumes iconográficos mais lancinantes da chamada Nova Hollywood: Robert de Niro, o insone Travis Bickle, e o seu are you talkin’ to me; o fumo a elevar-se das ruas; a visão deformada da realidade – a insónia, o (não) regresso da guerra do Vietname; a música assombrada e assombrosa de Bernard Herrmann, a quem Scorsese pediu uma banda sonora porque, como explicou, ao contrário do que acontecia no anterior Mean Streets, onde pedaços da música popular explodiam em cada sequência, uma personagem como Travis Bickle — criação do argumentista Paul Schrader que resultou da exposição ao mundo, do choque, de um calvinista que aterra na decadente Times Square novaiorquina vindo de Grand Rapids, Michigan — não poderia estabelecer qualquer empatia com a pop do seu tempo; ou o desacordo fundamental entre o patético Bickle de DeNiro e a inatingível, para ele, Cybill Shepherd, na Midtown de Nova Iorque; ainda, Scorsese no banco de trás de um táxi, naquele tenebroso cameo como passageiro pretty sick de Bickle; e a carnificina final.

É um dos cumes do cinema americano e momento mais pungente e ferido no movimento de expansão que cinema de Scorsese, nascido num bairro de Nova Iorque, foi desenhando pela cidade. A partir de Little Italy, em Who’s That Knocking at my Door ou em Mean Streets, subiu até Midtown (Taxi Driver). A viagem não foi só no espaço, foi também no tempo, até à fundação da cidade: Gangues de Nova Iorque (2002). Esse movimento, como um travelling grandiloquente, estava assinalado numa mesa-mapa final na exposição que este ano a Cinemateca Francesa dedicou à obra do realizador.