O regresso do “espírito original” do cinema de autor (com uma forte presença portuguesa)
Há mais cinco filmes de produção nacional em competição na edição 2016 do Festival de Locarno.
Correspondências está longe de ser o único filme de produção portuguesa no programa em Locarno 2016, num ano que tem sido brilhante para a presença internacional do cinema de produção nacional. (Recapitulando: Cartas da Guerra, de Ivo Ferreira, no concurso de Berlim, a par de três outras longas no Forum, e Balada de um Batráquio, de Leonor Teles, Urso de Ouro da Curta em Berlim; as curtas Ascensão, de Pedro Peralta, e Campo de Víboras, de Cristèle Alves Meira, na Semana da Crítica de Cannes; São Jorge, de Marco Martins, no concurso Orizzonti de Veneza – isto para só falar dos festivais de “categoria A”.) Para lá de Rita Azevedo Gomes, João Pedro Rodrigues estará também na Competição Internacional do certame suíço (júri presidido pelo cubano Arturo Ripstein) com O Ornitólogo, em estreia mundial na tarde de segunda-feira, 8. No concurso oficial de curtas Pardi di Domani (júri presidido pelo alemão Edgar Reitz), há quatro curtas portuguesas entre os 28 títulos escalados: Um Campo de Aviação, de Joana Pimenta, À Noite Fazem-se Amigos, de Rita Barbosa, Setembro, de Leonor Noivo, e Estilhaços, de José Miguel Ribeiro.
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Correspondências está longe de ser o único filme de produção portuguesa no programa em Locarno 2016, num ano que tem sido brilhante para a presença internacional do cinema de produção nacional. (Recapitulando: Cartas da Guerra, de Ivo Ferreira, no concurso de Berlim, a par de três outras longas no Forum, e Balada de um Batráquio, de Leonor Teles, Urso de Ouro da Curta em Berlim; as curtas Ascensão, de Pedro Peralta, e Campo de Víboras, de Cristèle Alves Meira, na Semana da Crítica de Cannes; São Jorge, de Marco Martins, no concurso Orizzonti de Veneza – isto para só falar dos festivais de “categoria A”.) Para lá de Rita Azevedo Gomes, João Pedro Rodrigues estará também na Competição Internacional do certame suíço (júri presidido pelo cubano Arturo Ripstein) com O Ornitólogo, em estreia mundial na tarde de segunda-feira, 8. No concurso oficial de curtas Pardi di Domani (júri presidido pelo alemão Edgar Reitz), há quatro curtas portuguesas entre os 28 títulos escalados: Um Campo de Aviação, de Joana Pimenta, À Noite Fazem-se Amigos, de Rita Barbosa, Setembro, de Leonor Noivo, e Estilhaços, de José Miguel Ribeiro.
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A estes seis filmes juntam-se fora de concurso as curtas A Brief History of Princess X, de Gabriel Abrantes, The Hunchback, de Abrantes e Ben Rivers, e Longe, de José Oliveira; e a longa de João Botelho O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu. Mais Comboio de Sal e Açúcar, de Licínio de Azevedo, na Piazza Grande; Rio Corgo, de Maya Kosa e Sérgio da Costa, no Panorama Suíço; e, finalmente, duas co-produções portuguesas, Jeunesse, de Julien Samani (produção de Paulo Branco), no Concurso Internacional e El Auge del Humano, de Eduardo Williams (co-produção Bando à Parte), na competição Cineastas do Presente. <_o3a_p>
A 69.ª edição do certame (e quarta sob a direcção do programador e crítico italiano Carlo Chatrian), a decorrer de 3 a 13 de Agosto à beira do Lago Maggiore, aposta nas suas secções competitivas num regresso ao “espírito original” que fez de Locarno ponto de referência do cinema de autor. É uma postura que o festival articula com uma vertente mais popular, dirigida aos habitantes e turistas que visitam o cantão de Ticino, através das projecções ao ar livre na Piazza Grande, onde a abertura oficial se dá esta noite com The Girl with All the Gifts, adaptação de um best-seller futurista juvenil com Gemma Arterton, Paddy Considine e Glenn Close. Este ano, o festival é dedicado pela organização a dois nomes recém-desaparecidos do cinema mundial – Michael Cimino, que estivera presente na edição 2015, e o iraniano Abbas Kiarostami – e homenageia as actrizes Jane Birkin e Stefania Sandrelli, os actores Bill Pullman, Harvey Keitel e Mario Adorf, os realizadores Roger Corman e Alejandro Jodorowsky, o compositor Howard Shore e o produtor David Linde. <_o3a_p>
Este eclectismo é simbólico da corda bamba em que Locarno se instala anualmente, restringindo a “prata da casa” suíça a secções paralelas e acantonando as produções de grande público (como Jason Bourne) no anfiteatro ao ar livre da Piazza Grande, enquanto arrisca em nomes novos ou cinematografias periféricas nas secções competitivas, num espírito de renovação de nomes e de atenção ao cinema de autor de braço dado com as secções retrospectivas que contextualizam a produção contemporânea (a retrospectiva de 2016, por exemplo, aborda o jovem cinema da República Federal da Alemanha entre 1949 e 1963). <_o3a_p>
Entre os realizadores que encontramos a concurso pelo Leopardo de Ouro este ano contam-se dois argentinos – Milagros Mumenthaler, vencedora do festival em 2011, e o habitué Matias Piñeiro –, a alemã Angela Schanelec, figura forte da Escola de Berlim, o romeno Radu Jude (vencedor do Indie 2015 com Aferim!), o japonês Katsuya Tomita ou o egípcio Yousry Nasrallah. A secção Cineastas do Presente, destinada a primeiras e segundas obras, abre com o novo filme do artista plástico Douglas Gordon (Zidane), I Had Nowhere to Go, sobre Jonas Mekas, e receberá entre outros Caroline Deruas, colaboradora habitual de Philippe Garrel.<_o3a_p>