MTV @ 35 – quando o vídeo começou a matar a rádio

Qualitativamente, não foi necessariamente para melhor, mas foi claramente para maior: em variedade, em quantidade, em popularidade, em excentricidade, em velocidade. Agora, o que hoje é desconhecido, amanhã pode ser top!

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A história da música mudou há 35 anos. Quando, um minuto depois da meia-noite de 1 de Agosto de 1981, foi para o ar a MTV (ao som e imagem do “Video Killed the Radio Star” dos The Buggles), o mundo musical — especialmente o pop e rock — entrou em metamorfose. Nesse dia, à hora marcada, a revolução de uma geração começou com a pequena apresentação que antecedeu o vídeo de estreia: “Senhoras e senhores, rock and roll!”

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A história da música mudou há 35 anos. Quando, um minuto depois da meia-noite de 1 de Agosto de 1981, foi para o ar a MTV (ao som e imagem do “Video Killed the Radio Star” dos The Buggles), o mundo musical — especialmente o pop e rock — entrou em metamorfose. Nesse dia, à hora marcada, a revolução de uma geração começou com a pequena apresentação que antecedeu o vídeo de estreia: “Senhoras e senhores, rock and roll!”

Não foi de imediato nem necessariamente para melhor, mas duas coisas se tornaram rapidamente muito claras: o sucesso passaria a depender tanto — ou mais — dos aspectos visuais quanto dos musicais e, por outro lado, as restrições geográficas tornar-se-iam um obstáculo menor para o atingir de notoriedade (basta pensar em dois "hits" vindos da Áustria: “Life Is Life” dos Opus ou “Rock Me Amadeus” do cantor Falco).

Ainda antes da estreia da MTV Europe – que também faz hoje anos, mas “apenas” 29, lançada ao som e imagem do “Money For Nothing” dos Dire Straits em 1987 –, a Europa teve oportunidade de entrar nas casas norte-americanas, privilégio que poucos tinham tido antes, mas que agora se tornava realmente tangível e tão possível de acontecer que foi apelidado de “Segunda Invasão Britânica”, logo depois de, no longínquo 3 de Julho de 1982, os Human League conquistarem o topo do Hot 100 da MTV e por lá se manterem por três semanas com o hit “Don’t You Want Me”.

E não foram só os videoclipes que mudaram a música, foi toda a exploração da vida dos artistas, que antes estava “condenada” ao som da rádio ou às imagens estáticas de jornais e revistas. Rapidamente apareceram entrevistas e reportagens sobre os artistas em cima e fora do palco, notícias diárias sobre o mundo da música e, ao fim de uma semana de emissão, o primeiro concerto ao vivo: um mini-set de 4 músicas tocadas pelos REO Speedwagon em directo, a cores e em estéreo.

A velocidade com que um artista atingia o estrelato tornou-se altíssima (e a queda daí, também!) e o “viver para a imagem” passou a ser o modo de vida para muitos.

Observando esta mudança 35 anos depois, o aparecimento da estação — e a multiplicação de canais que ocorreu entretanto — terá contribuído decisivamente para que os artistas tenham agora mais retorno financeiro dos espectáculos ao vivo do que das edições discográficas e, não é demais repeti-lo, o culto do “parecer ser” sobre o “ser”… os 15 minutos de fama podem realmente fazer toda a diferença na vida e carreira de alguém e, se hoje achamos normal um artista passar de “popular no YouTube” para “estrela à escala global”, foi o lançamento da MTV que o tornou possível — o exemplo de Justin Bieber é auto-explicativo.

Esse impacto também gerou um eco de retorno na rádio que, na tentativa de acompanhar o "boom" audiovisual, criou e aperfeiçoou a chamada “cultura de playlist” que repete "ad eternum" as músicas do momento, na tentativa de “colar” os fãs aos altifalantes, agora mais dispersos entre som e imagem — vamos deixar de fora o debate sobre "online music" (Last.FM, Spotify e afins) e "live video stream" para não fazer o texto crescer desmesuradamente.

Se antes desse 1 de Agosto o fenómeno “one hit wonder” já existia, a partir daí quase se tornou um desafio ser-se mais do que apenas isso: quem conhece mais do que “Heaven Is A Place on Earth” da ex-Go-Go’s Belinda Carlisle (apesar desse álbum ter um "cover" muito interessante do “I Feel Free” dos Cream) ou mais do que “Tainted Love” dos Soft Cell (tema que, inclusivamente, há ainda quem pense que seja dos Human League ou até dos Depeche Mode)?… Ouch!

Qualitativamente, não foi necessariamente para melhor, mas foi claramente para maior: em variedade, em quantidade, em popularidade, em excentricidade, em velocidade. Agora, o que hoje é desconhecido, amanhã pode ser top!

Obrigado, MTV… e parabéns!