Cultura chumbou projecto da Douro Azul na escarpa de Gaia
Empresário vai apresentar novo projecto para o seu hotel na escarpa da Serra do Pilar, mas já antevê atraso no acesso a fundos comunitários.
O empresário Mário Ferreira viu a primeira versão do seu projecto de arquitectura para um hotel na escarpa do Douro, em Gaia, ser chumbado pela Direcção Regional de Cultura do Norte. A “volumetria excessiva” da construção, que aproveita ruínas de uma antiga fábrica de Cerâmica, mereceu um parecer negativo desta entidade, que é vinculativo, dada a proximidade ao Mosteiro da Serra do Pilar. O empresário discorda, mas já está a preparar uma nova proposta.
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O empresário Mário Ferreira viu a primeira versão do seu projecto de arquitectura para um hotel na escarpa do Douro, em Gaia, ser chumbado pela Direcção Regional de Cultura do Norte. A “volumetria excessiva” da construção, que aproveita ruínas de uma antiga fábrica de Cerâmica, mereceu um parecer negativo desta entidade, que é vinculativo, dada a proximidade ao Mosteiro da Serra do Pilar. O empresário discorda, mas já está a preparar uma nova proposta.
O Dono da Douro Azul, que chegou a admitir que pretendia avançar este Verão com as obras de transformação da antiga Cerâmica do Sr. do Além num hotel, viu os seus planos gorarem-se e já teme não conseguir aproveitar uma janela de financiamento do Portugal 2020 que implicaria a entrega da candidatura até ao final de Setembro, pois tal implicaria que o projecto de arquitectura fosse entretanto aprovado pela Câmara. O Município, que vê com grande interesse esta intenção de investimento de Mário Ferreira, já se reuniu nas últimas semanas com a Direcção de Cultura do Norte para tentar desbloquear o processo.
O projecto de arquitectura do Wine Hotel, como é provisoriamente conhecido, é da autoria do atelier Rodapé, com o qual Mário Ferreira já está a trabalhar na Hotel Monumental, no Porto. Contactado pelo PÚBLICO, o director regional de Cultura, António Ponte, não quis fazer comentários sobre a qualidade do projecto, e apenas disse que as reuniões visam encontrar uma solução “que tenha em conta não apenas o impacto da obra na escarpa e no monumento próximo, mas em todo o contexto das ribeiras do Porto e de Gaia”, de onde o hotel – com 85 quartos e onze apartamentos – vai ser visível.
Mário Ferreira discorda dos argumentos invocados. “O volume que vai ser aprovado não vai ser tão diferente do que foi apresentado. Não concordamos, mas vamos apresentar um segundo projecto rapidamente para não perdermos mais tempo e porque queremos andar em frente com a obra”, explica. O empresário revela que pretendia candidatar aquele hotel já fundos para a área do turismo do Portugal 2020, mas teme perder a primeira janela de oportunidade, que termina no final de Setembro, nota.
“O problema é que não podemos entregar a candidatura até termos a arquitectura aprovada pela Câmara, o que depende deste parecer. Nós tínhamos a arquitectura toda pronta”, queixa-se. Agora, admite, “é muito difícil chegar a tempo dessa candidatura. E depois, se congelarem os fundos, esse hotel vai ficar parado até se abrir uma nova janela. Fica a perder a cidade, aquela margem, e até pode-se perder a oportunidade de negócio”.
O investimento previsto para este empreendimento é de 15 milhões de euros. Mário Ferreira espera conseguir um apoio de 45% do Portugal 2020, num empréstimo com três anos de carência e reembolsável em sete anos, com 0% de juros. “Nós colocamos 30% de capitais próprios e 25% virá de financiamento bancário”, acrescentou, explicando que sem o apoio comunitário o projecto não avança. Parada fica também a reabilitação da Capela do Sr. Do Além, que Mário Ferreira se prontificou a custear, e que, acredita, vai também valorizar patrimonial e turisticamente aquela zona da escarpa.
“A capela tem um miradouro espectacular. Vai ter muito movimento", antecipa o empresário, assumindo que quando lhe foi proposta a compra da antiga fábrica não se interessou, num primeiro momento. Mas depois de visitar o local, com a família, percebeu que estava perante um espaço com características "especiais" para um projecto turístico, pelo seu enquadramento na escarpa, junto à ponte Luís I e numa zona que faz parte de um percurso pedestre ao longo da margem do Douro. E mal viu que a propriedade incluía um antigo cais de acostagem, as dúvidas dissiparam-se. Os hóspedes vão chegar ao futuro hotel por via fluvial. À La Mário Ferreira.