Papa quer que a oração seja o “chat” dos jovens
Mais de um milhão de pessoas assistiu ao final das Jornadas Mundiais da Juventude, na Polónia. Francisco pediu-lhes que construam "uma nova humanidade, sem ódios nem fronteiras".
O Papa encerrou as Jornadas Mundiais da Juventude, em Cracóvia, desafiando os participantes a olharem para lá da gratificação imediata que lhes oferecem as novas tecnologia e a usarem a sua energia para construir “uma nova humanidade, sem ódios nem fronteiras”. Numa homilia recheada de referências informáticas, Francisco pediu aos mais novos que façam das orações o “chat” mais usado e do Evangelho o “navegador” das suas vidas.
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O Papa encerrou as Jornadas Mundiais da Juventude, em Cracóvia, desafiando os participantes a olharem para lá da gratificação imediata que lhes oferecem as novas tecnologia e a usarem a sua energia para construir “uma nova humanidade, sem ódios nem fronteiras”. Numa homilia recheada de referências informáticas, Francisco pediu aos mais novos que façam das orações o “chat” mais usado e do Evangelho o “navegador” das suas vidas.
Foi um autêntico mar de gente – colorido e festivo – o que se juntou em Brzegi, a poucos quilómetros da histórica cidade polaca, para ouvir uma última vez o Papa argentino, depois de uma noite de vigília. A polícia não adiantou números, mas a segurança do evento apontou para 1,5 milhões de pessoas e alguns relatos davam mesmo conta de três milhões.
Perante tão vasto auditório, Francisco adoptou um tom coloquial e recorreu a metáforas bem mais próximas da realidade dos jovens que tinha pela frente, mesmo confessando ser “um desastre” no que diz respeito às novas tecnologias. Pediu-lhes que rejeitem “a tristeza” – esse “vírus que infecta e bloqueia tudo, que fecha todas as portas, que os impede de relançar a vida, de recomeçar” – e que “façam download do melhor link de todos, aquele de um coração que vê e transmite bondade”.
Sublinhando que os desafios que têm pela frente “não pode ser escrito nas poucas palavras” de um SMS, o Papa pediu aos mais novos que confiem na “bondade da memória de Deus”. “Ela não é como um disco duro que guarda e arquiva todos os nossos dados, mas um coração cheio de compaixão que se alegra ao apagar definitivamente todos os nossos traços de maldade”. Sempre no mesmo estilo, o Papa Francisco disse ainda que Deus espera que “entre os contactos e chats de todos os dias esteja em primeiro lugar o fio de ouro da oração” e desejou que “o Evangelho se torne o ‘navegador’ para as estradas da vida”.
As Jornadas, grande festival iniciado por João Paulo II para combater o distanciamento das gerações mais novas à Igreja, arrancaram ensombradas por ataques de extremistas islâmicos na Europa, incluindo o sequestro numa igreja francesa durante o qual foi morto o padre Jacques Hamel, de 86 anos.
Mas, tal como tinha já feito no avião que o levou à Polónia, Francisco rejeita o discurso da “guerra de religiões” ou de quem usa os ataques para defender o reforço das fronteiras europeias. Nestes tempos de violência, afirmou, cabe aos jovens “serem os sonhadores, aqueles que acreditam numa nova humanidade, que rejeitam o ódio entre os povos, que recusam ver as fronteiras como barreiras e que cuidam das suas próprias tradições sem egoísmos nem ressentimentos”.
A terminar, Francisco anunciou que as próximas Jornadas vão regressar à América Latina, realizando-se em 2019, no Panamá. Presente em Brzegi, o Presidente panamiano, Juan Carlos Varela, assegurou que o país receberá tem “as portas abertas” para os milhares de jovens que ali deverão acorrer.
Um dos momentos mais marcantes da visita do Papa Francisco à Polónia foi a passagem pelo campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, onde o pontífice não fez qualquer declaração. No sábado, numa outra cerimónia, o Papa conversou com três jovens – um polaco, um refugiado cristão sírio e um ex-toxicodependente paraguaio –, alertando-os para o risco de confundirem “o sofá com a felicidade”. O Papa disse para não se deixarem ficar “aturdidos e embrutecidos enquanto outros – talvez mais despertos mas não necessariamente melhores – decidem o futuro por nós”.