Chineses da Fosun querem ficar com 20 a 30% do BCP
Grupo quer um aumento de capital reservado a si.
Os chineses da Fosun, que em Portugal são donos da seguradora Fidelidade e da Luz Saúde (antiga Espírito Santo Saúde), querem entrar no capital do Millennium BCP. O banco português comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que recebeu uma proposta firme de investimento do grupo chinês, que pretende subscrever um aumento de capital do BCP, reservado apenas a si, de modo a ficar com 16,7% do banco e manifestando interesse em aumentar depois essa participação para valores entre os 20 e os 30%.
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Os chineses da Fosun, que em Portugal são donos da seguradora Fidelidade e da Luz Saúde (antiga Espírito Santo Saúde), querem entrar no capital do Millennium BCP. O banco português comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que recebeu uma proposta firme de investimento do grupo chinês, que pretende subscrever um aumento de capital do BCP, reservado apenas a si, de modo a ficar com 16,7% do banco e manifestando interesse em aumentar depois essa participação para valores entre os 20 e os 30%.
“A Fosun propõe-se subscrever um aumento de capital reservado unicamente à Fosun, a deliberar pelo Conselho de Administração do BCP ao abrigo da aprovação dos acxionistas na assembleia geral do passado dia 21 de Abril, através da qual, aos níveis actuais, a Fosun passaria a deter uma participação de aproximadamente 16,7% do total de acções representativas do capital social do BCP (o “Aumento Reservado”). A Fosun considera ainda aumentar a sua participação através ou de operações em mercado secundário ou no contexto de aumentos de capital futuros, com vista ao potencial aumento da participação social da Fosun no BCP para entre 20% a 30%”, diz um comunicado enviado neste sábado à CMVM.
A Sonangol é actualmente o maior accionista do BCP (17,84%), seguida pelo Banco Sabadell (5,07%) e o Grupo EDP (2,71%).
A administração do BCP reconhece "o interesse estratégico potencial da proposta apresentada por um investidor internacional com o perfil da Fosun e com presença relevante no mercado português" e compromete-se a "proceder de forma célere a análise cuidada da referida proposta considerando os diversos aspectos positivos da operação aí prevista, com vista a permitir decidir sobre abertura de negociações e a apresentação, assim que possível, de uma recomendação ao Conselho de Administração", lê-se no mesmo comunicado.
"Mais se esclarece que o acima referido não pode ser entendido como garantia de que a operação proposta venha a efectuar-se ou como significando que tenha sido tomada qualquer decisão relativamente à mesma", conclui o documento enviado à CMVM.
Esta proposta da Fosun é revelada no dia seguinte à apresentação dos resultados do BCP, que encerrou o primeiro semestre com prejuízos de 197,3 milhões de euros.
Uma eventual entrada da Fosun no capital do BCP - e o consequente aumento de capital proposto pelo grupo chinês - pode ajudar o BCP na corrida à compra do Novo Banco, no qual já manifestou interesse.
Esta semana, a Fosun tinha já anunciado a sua primeira aquisição na América Latina, ao comprar a brasileira Rio Bravo Investimentos, e a farmacêutica indiana Gland Pharma.
A Rio Bravo tem vários fundos de investimento em áreas diversas, entre as quais o imobiliário. O valor do negócio não foi revelado.
O presidente da Fosun, Guo Guangchang, afirmou, em comunicado, que a compra é “um marco importante na estratégia de globalização da Fosun e de presença nas economias emergentes importantes”. A ideia é usar aquele país como um elo de ligação para o resto do continente. “O Brasil é geograficamente um canal a ligar a América Latina e a Ásia. Com as suas características económicas específicas e a grande dimensão, o Brasil tem uma grande influência na região”, observou o empresário.
Na farmacêutica Gland Pharma, cuja aquisição foi feita através de uma subsidiária, a empresa chinesa vai ficar com uma maioria de 88% do capital, por cerca de 1200 milhões de euros.
As empresas chinesas têm estado a investir fortemente fora do país, em parte encorajadas pelo Governo numa altura em que a economia doméstica tem vindo a mostrar sinais de arrefecimento.
Em Maio, numa entrevista à agência Reuters, Guangchang (que no final do ano passado esteve desaparecido alguns dias levando a suspeitas de problemas com a lei) afirmara que pretendia olhar para a Rússia, Brasil, Índia e África.