Enfermeiros exigem retomar negociações e emitem novos pré-avisos de greve

Sindicato admite greves semanais por instituições em Agosto se o Governo não voltar à mesa das negociações. O Governo considerou que o primeiro dia não teve um impacto significativo, mas hoje possa ser mais sentida.

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O sindicato exige a aplicação da semana das 35 horas para todos os profissionais Enric Vives-Rubio (arquivo)

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) exige o retomar das negociações sobre as 35 horas de trabalho para todos e emitiu já pré-avisos para novas greves em Agosto.

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O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) exige o retomar das negociações sobre as 35 horas de trabalho para todos e emitiu já pré-avisos para novas greves em Agosto.

Sanada a questão das sanções europeias a Portugal, o presidente do SEP afirma não haver motivos para que as negociações com os ministérios da Saúde e Finanças continuem suspensas.

Em declarações aos jornalistas junto ao Hospital de São José, em Lisboa, José Carlos Martins adiantou que já começaram a ser emitidos pré-avisos de greves semanais por instituições. A primeira paralisação está agendada para a semana de 9 a 12 de agosto no Instituto Português de Oncologia de Coimbra, Hospital de Figueira da Foz e Centro Hospitalar do Algarve.

Esta sexta-feira, os enfermeiros cumprem o primeiro dia de greve a nível nacional, depois de na quinta-feira terem estado em paralisação em cinco distritos. Dados do SEP indicam que a adesão à greve foi de 78,6% no turno da noite e da parte da manhã situa-se entre os 70 a 90%.

Quanto às negociações com o Governo, o sindicato vai ainda esta sexta-feira enviar cartas ao primeiro-ministro e outros membros do Executivo a exigir que se voltem a sentar à mesa para debater a reposição das 35 horas de trabalho semanais para todos, incluindo os profissionais com Contratos Individuais de Trabalho, que mantêm o regime das 40 horas.

Os funcionários do sector da saúde e os enfermeiros iniciaram quinta-feira uma greve de 48 horas para exigir a reposição das 35 horas semanais a todos os trabalhadores e a celebração de um acordo colectivo de trabalho, bem como o pagamento de horas extraordinárias a 100%.

Governo diz que greve não teve impacto significativo

O Governo considerou que o primeiro dia de greve dos trabalhadores da saúde não teve um impacto significativo na vida dos doentes e das instituições, mas estima que esta sexta-feira possa ser mais sentida.

"A greve de ontem [quinta-feira] não teve um impacto significativo, nem na vida dos doentes, nem na vida das instituições", disse o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, aos jornalistas, no final de uma visita ao Centro Hepato-Bilio-Pancreático e de Transplantação, do Hospital Curry Cabral, em Lisboa

"Hoje, provavelmente, terá um bocadinho mais de impacto, mas o objectivo em termos de trabalho é conseguirmos minimizar os riscos e os problemas para a vida dos utentes e penso que no essencial conseguimos ontem e vamos conseguir hoje também", salientou Manuel Delgado.

"Nós acompanhámos já há uns meses, com negociações constantes os sindicatos dos diferentes sectores da área da saúde, as suas exigências, os seus pedidos, as suas reivindicações, e chegámos a um ponto em que não pudemos avançar mais", disse Manuel Salgado.

Segundo o governante, esse ponto "prendia-se exclusivamente" com as 35 horas de trabalho aplicáveis aos contractos individuais de trabalho.

"Não foi possível chegarmos a um acordo, o Governo tem responsabilidades públicas de defesa intransigente do interesse público e neste momento não foi possível avançarmos por aí e a greve desencadeou-se a partir desta divergência", acrescentou.