Frente al-Nusra afasta-se da Al-Qaeda

Washington diz que mantém classificação do grupo sírio como organização terrorista.

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Declaração de Abu Mohammed al-Julani em que anuncia o fim da ligação da Al-Nusra à Al-Qaeda Reuters

A Frente al-Nusra anunciou na quinta-feira o corte de relações com a Al-Qaeda. O objectivo, diz o líder do grupo, é tirar força à justificação dos EUA e da Rússia para bombardearem as suas posições na Síria.

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A Frente al-Nusra anunciou na quinta-feira o corte de relações com a Al-Qaeda. O objectivo, diz o líder do grupo, é tirar força à justificação dos EUA e da Rússia para bombardearem as suas posições na Síria.

O grupo — um dos mais fortes entre os que combatem o Exército sírio — passa a chamar-se Frente Fateh al-Sham (Frente para a Conquista da Síria/Levante) e até a bandeira negra, própria de grupos jihadistas como a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico, passou a ser branca.

Numa declaração televisiva, o líder do grupo, Abu Mohammed al-Julani, disse que a Frente Fateh al-Sham “não terá ligações a nenhuma entidade estrangeira”. Ao cortar o vínculo à Al-Qaeda, o grupo pretende afastar o rótulo terrorista que lhe é colado pelos governos dos EUA, Rússia e Síria. Ao mesmo tempo, a Fateh al-Sham espera superar as resistências de parte dos grupos rebeldes que até agora não se queriam associar com o movimento jihadista global.

É com esta justificação que as posições do grupo têm sido bombardeadas, sobretudo por Moscovo e Damasco, mesmo durante o regime de cessar-fogo — que não abrange alvos considerados terroristas.

Os EUA anunciaram que mantêm a classificação de organização terrorista dada à Frente al-Nusra. “As filiações podem ser um factor, mas são as acções, ideologia e objectivos que mais interessam”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby.

O afastamento entre as duas organizações foi bem acolhido pela Al-Qaeda. “A irmandade do islão é mais forte do que qualquer ligação organizacional que muda e termina”, disse o líder da rede jihadista, Ayman al-Zawahiri, de acordo com a BBC.

Num artigo na Foreign Policy, Charles Lister escreve que as afinidades ideológicas entre os dois grupos “mantêm-se fortes”.