PAN já denunciou atropelamento intencional de touro em festa dos Açores
Vídeos partilhados no Facebook e no YouTube mostram um touro a ser atropelado por uma carrinha depois de ter escapado da corda que o mantinha preso. PAN – Açores já denunciou o atropelamento intencional às autoridades
Num terreno agrícola murado, uma carrinha de caixa aberta com vários homens a bordo descreve círculos em perseguição de um touro bravo que rebentou a corda que o mantinha preso. A descrição do vídeo, partilhado no YouTube [vê em cima], indica que a tourada à corda aconteceu na freguesia das Fontinhas, na ilha açoriana da Terceira, a 23 de Julho, sábado. Ao fim de sete minutos de filmagens que mostram vários homens a tentar imobilizar o touro — sempre a bordo da carrinha —, o animal é atropelado perante gritos de satisfação dos muitos populares que assistem à tourada.
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Num terreno agrícola murado, uma carrinha de caixa aberta com vários homens a bordo descreve círculos em perseguição de um touro bravo que rebentou a corda que o mantinha preso. A descrição do vídeo, partilhado no YouTube [vê em cima], indica que a tourada à corda aconteceu na freguesia das Fontinhas, na ilha açoriana da Terceira, a 23 de Julho, sábado. Ao fim de sete minutos de filmagens que mostram vários homens a tentar imobilizar o touro — sempre a bordo da carrinha —, o animal é atropelado perante gritos de satisfação dos muitos populares que assistem à tourada.
O “atropelamento intencional”, como o descreve Pedro Neves, porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), foi filmado por uma espectadora que, posteriormente, partilhou um curto vídeo [vê em baixo] no Facebook. “A senhora foi coagida a retirar o vídeo do Facebook”, revelou Pedro Neves ao P3. O mesmo, contudo, acabou por ser descarregado pelo PAN-Açores e difundido nas redes sociais, atingindo rapidamente milhares de visualizações. Mais tarde, um outro vídeo de sete minutos mostra os momentos antes do atropelamento, levado a cabo por alegados membros de uma ganadaria da ilha.
As partilhas através do Facebook e do YouTube não tardaram. “A nossa intenção é alertar consciências para uma mudança de paradigma. Somos contra a violência gratuita”, sublinha o também candidato a deputado por São Miguel e pelo círculo de compensação às eleições regionais do próximo mês de Outubro. “A óptica da nossa partilha não é gerar mais violência, não queremos que as pessoas se ataquem umas às outras como aconteceu na nossa página e na Internet em geral.”
Segundo Pedro Neves, estas “práticas de entretenimento” são muito comuns na Terceira e não é raro que um touro se consiga soltar das cordas que o prendem numa tourada à corda. O PAN-Açores estima que, por ano, aconteçam mais de 50 destas touradas em toda a ilha. Para que o vídeo — que constitui uma prova do acto — não fique perdido no mundo virtual, o porta-voz daquele partido fez uma denúncia formal, por e-mail, ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR). Não foi o único, aparentemente. “Houve mais de 300 denúncias à SEPNA e vai ser aberto um processo de averiguação pelas autoridades.”
Pelos vídeos disponíveis não é possível confirmar a morte do animal, mas o jornal açoriano “Diário Insular” noticiou, esta segunda-feira, 26 de Julho, que o touro acabou por morrer.
De acordo com a página da Câmara Municipal da Praia da Vitória — concelho ao qual a freguesia das Fontinhas pertence —, as touradas à corda ocorrem na ilha da Terceira, entre os meses de Maio e Outubro, em espaços públicos abertos. “O animal tem os seus movimentos limitados por uma corda de 80 metros, segura por um grupo de homens — os pastores”, é descrito. O touro, “criado nas pastagens no centro da ilha, é embolado e largado nas ruas das freguesias que, nesse dia, apresentam as suas janelas e varandas apinhadas de gente”. A tourada prossegue com o touro a perseguir “os seus opositores e os homens da corda moderam o seu ímpeto ou dão-lhe um pouco mais de liberdade para animar o espectáculo”.
Não foi só o PAN a partilhar os vídeos do atropelamento nas redes sociais em jeito de denúncia. A ANIMAL condenou o acontecimento, sublinhando que “a atrocidade [não] é um crime (moralmente é, claro, mas legalmente não)". Também no Facebook, a Associação Anti-Tourada e a Plataforma Nacional para a Abolição das Touradas pedem que os vídeos sejam partilhados e que o acto de “violência atroz” seja denunciado à SEPNA.
O P3 tentou entrar em contacto com o presidente da Junta de Freguesia das Fontinhas mas não obteve resposta.