Nas Berlengas, há uma família de cagarras para seguir com atenção

O dia-a-dia desta família de aves marinhas pode ser acompanhado em tempo real através de uma câmara colocada no ninho. A cria nasceu há uma semana e é a estrela do projecto que envolve a ilha das Berlengas.

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A população de cagarras está em regressão devido aos predadores naturais e à actividade humana Bruno Simões Castanheira/Arquivo

Até Outubro, é possível acompanhar o crescimento de uma cria de cagarra, uma ave marinha de alto mar, através de um vídeo em tempo real transmitido no site do projecto LIFE Berlengas. O ovo, que eclodiu no passado dia 19 de Julho, nasceu no início do mês de Junho e pertence a um casal de cagarras que durante os últimos anos tem sido acompanhado pelo projecto LIFE Berlengas, financiado pela União Europeia e que resulta de uma parceria da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. A fêmea já conta pelo menos 18 anos, enquanto o macho aparenta cerca de 11 anos.

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Até Outubro, é possível acompanhar o crescimento de uma cria de cagarra, uma ave marinha de alto mar, através de um vídeo em tempo real transmitido no site do projecto LIFE Berlengas. O ovo, que eclodiu no passado dia 19 de Julho, nasceu no início do mês de Junho e pertence a um casal de cagarras que durante os últimos anos tem sido acompanhado pelo projecto LIFE Berlengas, financiado pela União Europeia e que resulta de uma parceria da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. A fêmea já conta pelo menos 18 anos, enquanto o macho aparenta cerca de 11 anos.

Durante as próximas semanas, podem ser observadas as interacções desta família de cagarras, sendo que é durante o período nocturno que decorre um maior nível de actividade. Entre as 15h e as 17h, as imagens são recolhidas a cores, graças à escassa luz natural que entra no ninho. Durante o resto do tempo a documentação acontece a preto e branco.

As cagarras têm uma esperança média de vida de 30 anos e podem ser encontradas em quase toda a Zona Económica Exclusiva portuguesa e observadas em praticamente toda a costa continental do país, mas é nas ilhas e ilhéus das Berlengas, Açores e Madeira que escolhem nidificar.

Na busca por alimento podem viajar até 270 quilómetros, mas a circulação oceânica e o upwelling, um fenómeno de afloramento costeiro que consiste na subida de águas subsuperficiais, tornam as águas das Berlengas ricas em peixe e moluscos marinhos, a base da alimentação desta espécie, pelo que a maioria das aves procura alimento perto dos ninhos.

De corpo fusiforme e de longas asas, esta ave migratória passa a maior parte do tempo a voar sobre os oceanos e apenas estão em terra durante a sua época de reprodução. Resistente a ventos fortes e águas agitadas, os seus ninhos são formados em fendas rochosas de falésias, quer em cavidades naturais ou em buracos escavados, geralmente com pouca luminosidade. Neles, estas aves marinhas põem e incumbam o seu único ovo.

No entanto, o facto de colocarem apenas um ovo torna-as vulneráveis à predação. Uns dos principais predadores são o rato-preto e a gaivota-de-patas-amarelas. Além destes, as cagarras enfrentam ainda a captura acidental de pesca e dificuldades na construção do ninho, devido à escassez de cavidades naturais. Para garantir a conservação desta espécie, a LIFE Berlengas irá construir uma centena de ninhos artificiais.

Depois da época de reprodução, as cagarras viajam para locais no Atlântico Sul e outras voam até ao Oceano Índico, sendo que alguns grupos se mantêm no Atlântico Norte. Finda a migração, regressam à mesma ilha e ao ninho, onde nidificaram pela primeira vez.

Para além da observação deste ninho de cagarras, a SPEA promove o acompanhamento de um britango com três anos, para que seja conhecido o seu movimento migratório. Marcado com um emissor GPS, o percurso da ave libertada no Parque Natural de Los Arribes del Duero, em Zamora, Espanha, pode ser acompanhado durante os próximos dois anos.

Esta primeira ave, o Rupis, é apenas a primeira a ser acompanhada pelo projecto de conservação transfronteiriço que está a ser desenvolvido em colaboração com Espanha. Esta terça-feira, o Rupis, que baptiza o nome do projecto, já tinha atravessado a fronteira e voava sobre território lusitano. Paralelamente, o projecto irá investir na conservação da espécie, como o combate ao uso ilegal de venenos, através da colaboração de cães treinados e equipas da GNR. O objectivo é reforçar a população desta espécie que é, em 2016, a Ave do Ano.