Presidente da CGD diz que banco vai ter de continuar a encolher
No Parlamento, José de Matos disse desconhecer qual o montante necessário para recapitalizar a instituição.
O presidente da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos, admitiu que o banco público vai ter de fechar mais balcões e reduzir o quadro de pessoal, tal como os restantes bancos que actuam em Portugal.
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O presidente da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos, admitiu que o banco público vai ter de fechar mais balcões e reduzir o quadro de pessoal, tal como os restantes bancos que actuam em Portugal.
"É preciso continuar a fazer um pouco mais. Não há economia para tanta banca neste país", afirmou o gestor, na primeira sessão da comissão parlamentar de inquérito sobre o banco público e depois de ter sido questionado sobre a matéria pelo deputado do CDS João Almeida. "É assim a vida. Os bancos vão ter de encolher, todos eles, e nós também. Vai ter de haver uma redução da banca. A próxima gestão vai ter que continuar a fazer" o esforço de reduzir a capacidade instalada da CGD no mercado português, reforçou.
"Não é sequer um problema português. É um problema europeu”, continuou José de Matos. “A gente nova não usa agências bancárias, usa serviços bancários. E a Caixa tem muitas capacidades nessa área, ao contrário do que se possa pensar".
O administrador vincou que durante os cinco anos que esteve ao leme da CGD, não houve nenhum processo de despedimento, mas sim o recurso a programas de reformas antecipadas e de rescisões por mútuo acordo.
Sobre a recapitalização do banco, José de Matos escusou-se a indicar que montante entende ser necessário, mas adiantou que o ministro das Finanças foi alertado para uma necessidade de aumento "significativo" de capital.
"O ministro das Finanças foi alertado para a necessidade efectiva de aumento de capital. Esse aumento deveria ser significativo. (...) É necessário fazer um aumento de capital e mais cedo do que tarde. Isso é verdade", declarou José de Matos,
Vários órgãos de informação têm adiantado nas últimas semanas que o plano de recapitalização da CGD (que estará a ser negociado já com a futura administração) pode chegar até cerca de cinco mil milhões de euros. O responsável pelo banco afirmou, porém, desconhecer os valores:
"Não conheço o plano que tem sido mencionado recentemente na comunicação social". Notou, contudo, que valores entre os quatro e cinco mil milhões de euros de recapitalização são "claramente superiores" aos que estavam em cima da mesa nos primeiros meses do ano.
José de Matos disse também perante os deputados que a limpeza do balanço e as maiores exigências de capital por parte dos reguladores explicam os prejuízos acumulados pelo banco público nos últimos anos. "A limpeza de balanço foi acompanhada por uma radical reorganização da área de crédito a empresas e particulares" e "a esta limpeza vieram juntar-se o aumento dos requisitos de capital", explicou.
O líder da CGD sublinhou que a administração foi implementando "medidas adicionais para melhorar a sua eficiência e rentabilidade", admitindo, contudo, que estas "não foram suficientes” para responder aos requisitos de capital. "Não tenho o mínimo orgulho em ter assinado os prejuízos da Caixa", reconheceu.