Marina Abramovic diz que ter filhos "seria um desastre" para o seu trabalho

Por que são homens a ocupar os lugares importantes no mundo da arte?

Foto
A artista em 2015 AFP/Saeed Kahan

Marina Abramovic afirma que ter filhos atrasa as carreiras das mulheres artistas, numa entrevista dada ao diário alemão Tagesspiegel.  “Fiz três abortos, porque tinha a certeza de que seria um desastre para o meu trabalho. Temos uma energia limitada no nosso corpo e teria que a dividir”, diz numa conversa muito pessoal traduzida do alemão pela Artnet.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Marina Abramovic afirma que ter filhos atrasa as carreiras das mulheres artistas, numa entrevista dada ao diário alemão Tagesspiegel.  “Fiz três abortos, porque tinha a certeza de que seria um desastre para o meu trabalho. Temos uma energia limitada no nosso corpo e teria que a dividir”, diz numa conversa muito pessoal traduzida do alemão pela Artnet.

A artista, referência da performance mundial, explica que nunca quis ter filhos, mesmo quando era muito mais nova. “Na minha opinião essa é a razão por que as mulheres não têm tanto sucesso como os homens no mundo da arte. Há muitas mulheres talentosas. Porque é que os homens é que ocupam os lugares importantes? É simples. Amor, família e crianças – uma mulher não quer sacrificar tudo isso.”

De origem sérvia mas a viver em Nova Iorque, a artista celebra este ano os seus 70 anos com uma actuação no Museu Guggenheim em Nova Iorque. Abramovic afirma que pagou o seu preço pela pressão em actuar em todo o lado ao longo dos anos. “Eu sou o meu trabalho. Não posso enviar uma pintura, por isso envio-me a mim própria… No último ano, não passei mais de 20 dias em Nova Iorque. Nos aeroportos, tinha que pensar  - “De onde é que chega a minha mala?” E, acrescentou, esclarecendo: “Não sei se podia viver de forma diferente. Não tenho marido nem família, sou completamente livre.”