Médico alerta para perigos do "pescoço de Pokémon Go"

Pressão no pescoço pode levar a desgaste precoce, degeneração e até cirurgias, avisa ortopedista

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Nelson Garrido

Além dos acidentes e incidentes da mais diversa natureza que têm vindo a ser profusamente noticiados nos últimos dias, jogar Pokémon Go pode provocar problemas de saúde, desde os mais ligeiros aos mais graves. Preocupado com o número de horas que os “caçadores” de pokémons passam com o pescoço curvado a olhar para o smartphone, o presidente da associação Spine Matters, o médico ortopedista Luís Teixeira, decidiu lançar um alerta. A "febre da app" pode provocar “desgaste precoce e a degeneração” do pescoço, avisa. 

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Além dos acidentes e incidentes da mais diversa natureza que têm vindo a ser profusamente noticiados nos últimos dias, jogar Pokémon Go pode provocar problemas de saúde, desde os mais ligeiros aos mais graves. Preocupado com o número de horas que os “caçadores” de pokémons passam com o pescoço curvado a olhar para o smartphone, o presidente da associação Spine Matters, o médico ortopedista Luís Teixeira, decidiu lançar um alerta. A "febre da app" pode provocar “desgaste precoce e a degeneração” do pescoço, avisa. 

Apesar de sublinhar que "é positivo que um jogo esteja a colocar, em massa, as pessoas de volta ao movimento e ao ar livre", o médico sublinha, em comunicado enviado às redacções, que “é preciso fazê-lo de forma muito mais consciente do meio envolvente”, porque "entorses, ossos partidos ou outro tipo de lesões mais graves também fazem parte" dos riscos do cada vez mais popular jogo. 

O presidente da Spine Matters (associação de investigação, promoção e desenvolvimento do conhecimento na área da coluna vertebral) recorda ainda “a facilidade de quedas, tropeções", com "potencial de perigo neste público" - leia-se caçadores de pokémons -, e prevê “um aumento de lesões nos jogadores mais focados”.

Mas Luís Teixeira vai mais longe ao antever que, em breve, os perigos daquilo que tem sido desginado como “pescoço de SMS” poderão ser actualizados como “pescoço de Pokémon Go”. “Os estudos realizados na área revelaram que a força exercida no pescoço de um adulto a olhar para o telemóvel pode variar entre os 12 e os 27 quilos, e sofrer uma inclinação entre 15 a 45 graus. Estamos a falar de uma pressão extrema para esta zona, que pode levar a um desgaste precoce, degeneração e até cirurgias”, sintetiza.

Por isso, e de maneira a poder aproveitar melhor os benefícios de jogar Pokémon Go, minimizando os seus riscos, o presidente da associação Spine Matters recomenda que “a caça aos pokémons seja realizada pelo menos aos pares, estando sempre um dos elementos encarregue de lembrar o outro de fazerem pequenas paragens ao longo da busca”. Isto para que seja possível descansar alguns minutos "numa posição correcta e de pescoço erguido, que também podem ser aproveitados para realização de alguns exercícios posturais simples".

Apesar dos alertas, Luís Teixeira não deixa de destacar a mais-valia que o jogo proporciona - a de pôr as pessoas a praticar exercício físico - e até pede à Niantic que produza mais jogos deste tipo.

O Pokémon Go traz, de facto, vários benefícios para saúde e levar as pessoas a praticar exercício físico de forma regular é o mais destacado. Matt Hoffman, professor assistente clínico no Texas A&M College of Nursing, citado no site Gadgets 360, sublinha que a  "caça ao Pokémon" faz com que as pessoas percorram uma grande área "à procura destes monstrinhos’.  “O que começou como apenas um jogo tornou-se agora num hobby para mim que traz certos benefícios para a saúde”, diz Matt Hoffman, que admite caminhar cerca de uma ou duas horas por dia para encontrar as pokestops, pontos em que os jogadores recolhem itens, e andar entre um a nove quilómetros para "eclodir os ovos".

“Não há dúvidas, tenho-me exercitado mais por estar a jogar, e estou a gostar”, acentua. Outras vantagens  enfatizadas pelo professor são a possibilidade de se de conhecerem novos locais e novas pessoas, o que “pode ter um impacto positivo na nossa saúde mental e emocional”.