Pokémon Go, a revolução

Este jogo fez com que milhões de pessoas (algumas com reais problemas em terem uma vida social) saissem de casa, andassem quilómetros, interagissem com o mundo real — ficassem a conhecer os marcos históricos das suas cidades

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Mark Kauzlarich/Reuters

Nos últimos dias temos assistido à “Revolução Pokémon Go”. O novo jogo para telemóvel inspirado nos desenhos animados japoneses que fizeram furor no final dos anos 90 foi lançado na semana passada e já tem milhões de utilizadores em todos os cantos do mundo (eventualmente à exceção da Coreia do Norte).

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Nos últimos dias temos assistido à “Revolução Pokémon Go”. O novo jogo para telemóvel inspirado nos desenhos animados japoneses que fizeram furor no final dos anos 90 foi lançado na semana passada e já tem milhões de utilizadores em todos os cantos do mundo (eventualmente à exceção da Coreia do Norte).

O sucesso é tal e os jogadores são tantos que, mesmo em pequenas povoações é possível observar jovens adolescentes e jovens adultos juntos a caçar pokemons em áreas específicas, habitualmente junto a marcos históricos locais. E uma das razões pelas quais o jogo tem tido tanta adesão é o facto de estarmos a concretizar um sonho de infância: sermos caçadores dessas criaturas. Isto é possível porque se trata de um jogo de realidade aumentada, o que nos permite estar a caçar pokemons e ao mesmo tempo ver no telemóvel uma sobreposição do jogo com aquilo que na realidade vemos na rua.

Quando falamos em Pokémon Go ou em qualquer outro videojogo utilizado não exclusivamente por adolescentes, temos que ter a noção de que os jovens adultos (nascidos nos anos 80) constituem a primeira geração que vai jogar este tipo de jogos até morrer.

Por isto mesmo, é fácil ouvir críticos deste jogo e destas gerações que consomem avidamente videojogos. No entanto, as coisas são como são e os brinquedos e videojogos já não são só para crianças, são para quem quer entretenimento. E há videojogos para todos os gostos, há jogos para quem em algum momento da sua vida gostava de se sentir rico, decorador de interiores, empreiteiro, futebolista, sniper, treinador de futebol, polícia, ladrão, presidente da câmara, ditador, piloto de aviões, rallies ou F1, alien, qualquer coisa.

Acredito que os videojogos, no geral, nos fazem evoluir enquanto sociedade e, mais importante que tudo o resto, nos trazem uma enorme satisfação individual e, nos últimos anos, cada vez mais coletiva, devido à internet e à possibilidade de jogarmos em multiplayer com amigos que não vemos regularmente.

É óbvio que, como tudo na vida, há gente que leva as coisas demasiado longe e certamente o Pokémon Go não será exceção, mas a verdade é uma e inegável: este jogo fez com que milhões de pessoas (algumas com reais problemas em terem uma vida social) saissem de casa, andassem quilómetros, interagissem com o mundo real — ficassem a conhecer os marcos históricos das suas cidades. Isto parece-me melhor que bom, parece-me inacreditável e fantástico.

É um bocado ridículo ver um adulto de fato a caçar pokemons? Para mim isso é um preconceito da sociedade que convém quebrar. De qualquer forma ainda há umas décadas também era ridículo pensar no casamento e adoção homossexual ou até no voto feminino e hoje, felizmente, tudo isso é aceite pela sociedade.