Tiroteio contra adolescentes na Florida faz dois mortos e 16 feridos
O espectro de Orlando pairava sobre a madrugada de violência, mas a polícia já recusou ter-se tratado de um acto de terrorismo. Vítimas têm 14 e 18 anos.
Um número incerto de atacantes abriu fogo contra um grupo de adolescentes que saía de uma discoteca da Florida nas primeiras horas da madrugada desta segunda-feira. Duas pessoas morreram, de 14 e 18 anos, outras 16 foram atingidas por balas e, destas, quatro estão em estado grave. O tiroteio ocorreu pouco mais de um mês depois do massacre em Orlando, a mais de cem quilómetros de Fort Myers, o local dos últimos disparos.
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Um número incerto de atacantes abriu fogo contra um grupo de adolescentes que saía de uma discoteca da Florida nas primeiras horas da madrugada desta segunda-feira. Duas pessoas morreram, de 14 e 18 anos, outras 16 foram atingidas por balas e, destas, quatro estão em estado grave. O tiroteio ocorreu pouco mais de um mês depois do massacre em Orlando, a mais de cem quilómetros de Fort Myers, o local dos últimos disparos.
No ataque de Junho, o atirador que matou 49 pessoas numa discoteca gay disse pertencer a várias organizações islamistas e terroristas. O espectro de Orlando pairou sobre as primeiras notícias do ocorrido em Fort Myers, mas o FBI anunciou ao final da manhã que não havia indícios de um ataque fundamentalista. “Não há nenhum nexo com terrorismo neste momento”, afirmou um porta-voz da agência de segurança, repetindo as opiniões da polícia local e do gabinete do presidente da câmara de Fort Myers.
O ataque começou por volta das 0h30 locais— mais cinco horas em Portugal Continental —, no parque de estacionamento da discoteca Club Blu, no momento em que a festa terminava e os pais iam de carro buscar os seus filhos, muitos deles adolescentes, visto que a festa vinha sendo anunciada para pessoas entre os 12 e os 17 anos, com a promessa de que não seria pedida identificação à entrada. O ferido mais novo tem 12 anos e o mais velho 27.
Não se conhecem ainda os motivos do ataque. A polícia deteve três pessoas e esta segunda-feira realizava buscas noutras localidades. Sabe-se que foram disparados dezenas de tiros e que pais e jovens se abrigaram em casas vizinhas e entre carros estacionados. A discoteca lamentou o ataque e disse ter contratado dois seguranças armados para a festa. “Tentámos dar aos adolescentes o que pensávamos ser um local seguro para se divertirem”, anunciou, em comunicado.
Uma testemunha disse à estação local Fox 4 que os disparos partiram de uma carrinha de cor negra, atingindo indiscriminadamente as pessoas no parque de estacionamento. Uma outra, citada pelo Washington Post, afirmou que as balas vinham numa “corrente incessante” e disse ter visto uma jovem ser atingida quatro vezes e uma outra pessoa alvejada nas costas. “Em vez de comprarem roupas para a escola [os pais] estão a preparar funerais”, disse.
“Agradeço a Deus a minha filha estar bem porque ela podia ter sido atingida”, contou à Fox 4 Syreeta Gary, cuja filha estava no parque de estacionamento no momento dos disparos. “É ridículo que estes miúdos tenham de passar por estas coisas: fugir de balas, correr e agachar-se entre carros. Não se podem divertir porque há outras pessoas com mentes criminosas que só querem aterrorizar.”
Alguns residentes próximos da discoteca Club Blu disseram ao New York Times que a zona é muitas vezes frequentada por traficantes de droga e as cenas de violência são comuns, embora nenhuma com esta gravidade. O governador da Florida, Rick Scott, disse que estaria em Fort Myers na tarde desta segunda-feira. “Sabemos que algumas das vítimas deste incidente terrível são crianças. Continuaremos a rezar por elas e pelas suas famílias”, anunciou.
As duas vítimas pertenciam a escolas vizinhas. Sean Archilles, de 14 anos, deveria ingressar no oitavo ano no início do próximo período lectivo. Stef'An Strawder, de 18, uma estrela do basquetebol em Fort Myers, preparava-se para o último ano de liceu. “Era como um filho para mim”, disse Blanca Figueroa, uma amiga de 40 anos, citada pelo New York Times. “Era um miúdo bestial, estava sempre a jogar. Nunca ficava cansado.”