Que queridos!

Os ricos ficam com o dinheiro que ia para os pobres para os pobres aprenderem a viver com menos dinheiro ainda. Sábia parcimónia.

O finlandês Jyrki Katainen que, segundo Luísa Pinto no PÚBLICO de ontem, disse em Maio do ano passado que “Portugal realizou um milagre”, parece ter mudado de opinião. O vice-presidente da Comissão Europeia (que é o que ele é) propõe agora, como castigo pela opinião discutível segundo a qual “Portugal e Espanha não tomaram medidas efectivas para terminarem o seus défices excessivos”, que sejam suspensos 16 fundos estruturais.

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O finlandês Jyrki Katainen que, segundo Luísa Pinto no PÚBLICO de ontem, disse em Maio do ano passado que “Portugal realizou um milagre”, parece ter mudado de opinião. O vice-presidente da Comissão Europeia (que é o que ele é) propõe agora, como castigo pela opinião discutível segundo a qual “Portugal e Espanha não tomaram medidas efectivas para terminarem o seus défices excessivos”, que sejam suspensos 16 fundos estruturais.

Parece ser assim que a União Europeia trata os países que gastam mais do que ganham: castigam-nos tirando-lhes o dinheiro que lhes prometeram. É justo. Portugal está a empobrecer mas está a empobrecer devagar de mais. Resposta da União Europeia: vamos empobrecê-los ainda mais, tirando-lhe os fundos que tínhamos prometido para ajudá-los a sair da pobreza.

Eles têm dinheiro para pagar esses fundos. Têm a obrigação de pagar esses fundos. Esses fundos são da União Europeia, a que Portugal pertence e que Portugal paga para pertencer.

E, no entanto, vão ficar com esse dinheiro, de que não precisam e que já nos estava destinado, só para nos castigar. É uma sanção. É para aprendermos.

Esses fundos foram prometidos e o prometido é devido. A UE está a anunciar que não vai pagar essas dívidas a Portugal porque Portugal se endividou de mais. Que queridos! Os ricos ficam com o dinheiro que ia para os pobres para os pobres aprenderem a viver com menos dinheiro ainda. Sábia parcimónia. Que castigo exemplar!

Que nos sirva de lição. Muito obrigados, sim?