Guarda presidencial é o próximo alvo da purga na Turquia

Sobrinho de Fetullah Gülen foi detido. Ministro da Justiça garante que suspeitos de envolvimento no golpe vão ser julgados em tribunais civis.

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Erdogan diz que a UE tem tem visão “tendenciosa e preconceituosa” em relação à Turquia. Umit Bektas / Reuters

A guarda presidencial turca vai ser dissolvida, revelou este sábado o primeiro-ministro, Binali Yildirim, numa entrevista televisiva, citada pela AFP. O corpo de 2500 elementos é o mais recente alvo da purga ao aparelho estatal levada a cabo pelas autoridades turcas na sequência do golpe militar falhado de 15 de Julho.

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A guarda presidencial turca vai ser dissolvida, revelou este sábado o primeiro-ministro, Binali Yildirim, numa entrevista televisiva, citada pela AFP. O corpo de 2500 elementos é o mais recente alvo da purga ao aparelho estatal levada a cabo pelas autoridades turcas na sequência do golpe militar falhado de 15 de Julho.

Segundo Yildirim, a guarda presidencial “não tem razão de ser” e “não é necessária”. Logo após a tentativa de levantamento militar, foram presos pelo menos 283 membros desta força de segurança.

As autoridades turcas lançaram uma operação de “limpeza” do aparelho militar e de Estado sem precedentes na história recente. Foram detidos, demitidos ou suspensos mais de 60 mil funcionários públicos, sobretudo nas áreas da justiça e da educação, mas também do Exército, por suspeitas de estarem ligados aos autores do golpe. Foi decretado o estado de emergência, que confere poderes extraordinários ao Presidente, e foi suspensa a Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

O Presidente, Recep Tayyip Erdogan, diz que o mentor do golpe foi o imã Fetullah Gülen, que dirige uma rede de instituições académicas um pouco por todo o mundo. O clérigo que vive nos EUA desde 1999 negou desde o início qualquer envolvimento com a tentativa de golpe de Estado, mas Ancara insiste na sua extradição para o poder julgar.

Este sábado o sobrinho de Gülen foi detido em Erzurum, no leste da Turquia, assim como Halis Hanci, descrito como um dos principais aliados do imã. De acordo com o gabinete presidencial, Hanci entrou na Turquia dois dias antes do golpe.

O procurador de Ancara, Harun Kodalak, anunciou este sábado a libertação de 1200 soldados detidos na noite do golpe. Milhares continuam presos, incluindo mais de cem generais e almirantes. O regresso da aplicação da pena de morte tem sido igualmente aludido por alguns dirigentes turcos, incluindo Erdogan.

O ministro da Justiça, Bekir Bozdag, afastou a ideia de criar um tribunal especial para julgar os suspeitos de envolvimento no golpe, dizendo que serão os tribunais civis responsáveis pelos julgamentos. “Os culpados serão separados dos inocentes no final deste processo”, garantiu Bozdag, citado pelo serviço turco da CNN.

A União Europeia criticou a actuação das autoridades turcas e sublinhou recear que Erdogan esteja a aproveitar o golpe falhado para remover inimigos políticos. Em entrevista ao canal France 24, o Presidente turco disse que a UE tem uma visão “tendenciosa e preconceituosa” em relação à Turquia.