Acabaste o secundário e não sabes o que escolher? Agora tens três cursos à experiência

Novo programa da Associação Gap Year Portugal destina-se a jovens que optem por fazer um “ano sabático”

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inbal marilli/Unsplash

Francisco Silva terminou o ensino secundário e “não sabia o que queria fazer no futuro”. Como ele, são muitos os que terminam o 12.º ano sem estarem seguros daquilo que querem estudar, trabalhar ou fazer nos anos que se seguem à escolaridade obrigatória.

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Francisco Silva terminou o ensino secundário e “não sabia o que queria fazer no futuro”. Como ele, são muitos os que terminam o 12.º ano sem estarem seguros daquilo que querem estudar, trabalhar ou fazer nos anos que se seguem à escolaridade obrigatória.

“Vinha de Ciências e Tecnologias no ensino secundário e acabei por me candidatar ao curso de Direito, que realmente não tem nada a ver. Isto só se tornou possível porque, através das aulas a que assisti, acabei por perceber que o curso me atraía bastante e que era uma aposta segura”, contou ao PÚBLICO.

Há dois anos, Francisco e um amigo falaram com várias faculdades e, durante um mês, assistiram às aulas dos cursos que mais lhes interessavam. Fizeram, assim, o seu próprio programa de experiências académicas, que na altura “nem sequer se chamava programa”, no primeiro mês do seu gap year, o “ano sabático” que tiraram para viajar e fazer voluntariado. Fizeram uma coisa de amigos, antes de a Associação Gap Year Portugal (AGYP) ter criado oficialmente um programa com esse objectivo, e que esta quarta-feira abre as suas inscrições.

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O presidente da Associação Gap Year Portugal, Gonçalo Azevedo Silva Rui Gaudêncio

O objectivo do novo Programa de Experiências Académicas é que os “jovens que fizerem um gap year entre o secundário e o ensino superior, ao invés de irem directamente para o estrangeiro, fiquem um mês e meio em Portugal” a experimentar o meio académico, explicou ao PÚBLICO Gonçalo Azevedo Silva, presidente da AGYP. Os seleccionados vão poder experimentar um máximo de três licenciaturas diferentes entre as 120 que, neste momento, têm protocolo com a associação, de 20 faculdades públicas portuguesas.

Durante o ano lectivo de 2014/2015, mais de 4200 alunos mudaram ou transferiram-se de curso. Foram quase 10% de todos os alunos que ingressaram no ensino superior, nesse ano, segundo o inquérito RAIDES, da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência. São estas estatísticas que a associação quer melhorar através deste novo programa, que “pretende revolucionar a forma como os jovens seleccionam o curso que pretendem seguir”, diz Gonçalo Azevedo Silva. Depois de ter apoiado, nos últimos anos, mais de cem jovens a fazer um "gap year", a associação quer que os jovens possam agora decidir o curso antes de partirem em viagem.

Francisco, hoje com 20 anos, frequenta o segundo ano de Direito na Universidade de Lisboa e tem a certeza que está no curso que quer. Admite que foi “neste aspecto que as experiências académicas” o ajudaram, porque cumpriram o seu objectivo de “viver como um estudante em cursos” que mais o atraíam. Só assim conseguiu perceber “se, no futuro, valia a pena investir num deles ou se eram apenas ideias erradas”.

No próximo ano lectivo, a AGYP prevê que o número de jovens em gap year ultrapasse pela primeira vez a barreira dos 500. O desafio passa agora também por suscitar o interesse por estas “experiências académicas”, ajudando-os a fazer as escolhas certas nos seus percursos no ensino superior.