May não tem pressa em sair da UE mas Merkel não quer prolongar o "impasse"
Primeira-ministra britânica foi a Berlim discutir o "Brexit". Reino Unido não vai assumir a presidência rotativa da UE no segundo semestre de 2017.
O Reino Unido não tenciona pôr em marcha o processo de separação da União Europeia este ano, informou a primeira-ministra britânica, Theresa May, no final de uma reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, esta quarta-feira em Berlim. “Não há nenhuma pressa”, afirmou a líder conservadora, garantindo que o seu país só iniciará os procedimentos de saída depois de definir “claramente” os seus objectivos.
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O Reino Unido não tenciona pôr em marcha o processo de separação da União Europeia este ano, informou a primeira-ministra britânica, Theresa May, no final de uma reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, esta quarta-feira em Berlim. “Não há nenhuma pressa”, afirmou a líder conservadora, garantindo que o seu país só iniciará os procedimentos de saída depois de definir “claramente” os seus objectivos.
No entanto, tendo em conta a complexidade das futuras negociações, Londres decidiu renunciar à presidência rotativa da União Europeia (UE), que deveria assegurar entre Julho e Dezembro de 2017. A informação foi transmitida por Theresa May numa conversa telefónica com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, logo de manhã.
Segundo explicou, o Governo britânico “estará muito ocupado com as negociações para a saída do país da UE”, não podendo por isso assumir essa responsabilidade quando a presidência transitar das mãos de Malta, no início do segundo semestre de 2017. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bélgica já afirmou que este país estará disponível para “assumir a presidência, caso isso lhe seja pedido”, afirmou o seu porta-voz, citado pela AFP.
Durante o telefonema, May informou Tusk que o Reino Unido terá de preparar as negociações para o “Brexit” calmamente, antes de invocar oficialmente ao artigo 50 do Tratado de Lisboa para desencadear os procedimentos da saída formal. “Donald Tusk assegurou à primeira-ministra que ajudará a que este processo decorra o mais suavemente possível”, adiantou o porta-voz, citado pela Reuters.
Em Berlim, Angela Merkel manifestou a sua compreensão, e até garantiu que os restantes Estados-membros vão ter “paciência” e esperar que Londres acerte a sua estratégia negocial antes de accionar o processo para se desvincular da União. “É do interesse de todos que a Grã-Bretanha só inicie o processo de saída depois de ter uma posição bem definida”, informou.
Mas, ao mesmo tempo, a chanceler alemã alertou para os riscos de um prolongado “período de limbo”, que não favorecerá nenhum dos lados do processo, “nem o povo britânico bem os restantes países europeus”. “É preciso definir os princípios [da negociação] e também os prazos. O impasse não interessa a ninguém”, insistiu.
Esta quinta-feira, Theresa May estará em Paris para mais um encontro com o “Brexit” na agenda, desta vez com o Presidente francês, François Hollande. Segundo Downing Street, as visitas servem para “criar bases para uma boa relação futura”. Para a BBC, os dois contactos são fulcrais para “marcar o tom” do longo e complexo processo negocial entre Londres e Bruxelas – depois de invocar o artigo 50, o Reino Unido deixará de participar nas reuniões comunitárias de onde sairão os termos da separação.
A líder britânica espera que no novo relacionamento do seu país com o bloco europeu se mantenham os “fortes laços económicos”, que beneficiam ambos os lados. “Quero que isto seja muito claro: nós não estamos a virar as costas aos nossos amigos europeus, nós continuamos interessados em ter uma ligação forte e construtiva com os nossos parceiros”, declarou.
Antes de viajar para Berlim, Theresa May enfrentou a primeira sessão de perguntas ao primeiro-ministro no Parlamento de Londres, que agora entra em férias de Verão. Foi o seu primeiro duelo com o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, que quis saber se o novo Governo pretendia corrigir as políticas económicas falhadas do executivo liderado por David Cameron. “Há algum plano B?”, quis saber. “O que o senhor chama austeridade, eu chamo governar com o dinheiro que há”, respondeu May.