Travolta, o candidato a mercenário
O tema é clássico – o solitário que age quando a Lei bloqueia – e também por isso o déja vu é permanente.
Sylvester Stallone tem mostrado o caminho: um herói de acção não tem que se retirar por ser sexagenário. John Travolta, que a brincar a brincar já tem 62 anos, ainda não foi convocado para a série dos Mercenários mas apresenta com esta Hora da Vingança a sua candidatura. Ei-lo na pele de um ex-operacional dos serviços secretos que põe a reforma em stand by quando a mulher é assassinada e a polícia, por inabilidade ou corrupção, é incapaz de apanhar os criminosos.
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Sylvester Stallone tem mostrado o caminho: um herói de acção não tem que se retirar por ser sexagenário. John Travolta, que a brincar a brincar já tem 62 anos, ainda não foi convocado para a série dos Mercenários mas apresenta com esta Hora da Vingança a sua candidatura. Ei-lo na pele de um ex-operacional dos serviços secretos que põe a reforma em stand by quando a mulher é assassinada e a polícia, por inabilidade ou corrupção, é incapaz de apanhar os criminosos.
O tema é clássico – o homem solitário (ou neste caso com a ajuda de um velho colega) que age quando a Lei bloqueia – e tanto vale para westerns como para policiais urbanos. Também por isso, o déja vu é permanente, Hora da Vingança parece uma variação em torno dum standard reduzido ao mais esquelético da sua estrutura, sem surpresas e profundamente previsível a partir do momento em que os dados são lançados.
Se falámos de Stallone e dos Mercenários é porque parece realmente haver aqui uma tentativa de habitar um espírito semelhante (por exemplo na camaradagem entre Travolta e o seu colega, Christopher Meloni), sem abdicar da violência “em primeiro grau” (é ver como os vilões vão sendo despachados sem dó nem piedade) mas também sem nunca conseguir aquela panache dos melhores momentos dos Mercenários (com excepção de uma cena, que é tão de “suspense” como é “cómica”, a envolver o uso de mensagens de telemóvel). Nos Estados Unidos Hora da Vingança foi directo para o vídeo-on-demand e qualquer coisa na realização de Chuck Russell (o uso e abuso de grandes planos, de campos/contracampos, o espaço muito fechado mesmo nas cenas de acção) indicia que já havia fortes suspeitas de que o filme estava primordialmente destinado a ecrãs pequenos e domésticos. Aí, talvez entretenha sem maçada. Visto numa deslocação ao cinema acaba por saber a muito pouco.