Acções da Nintendo valorizaram 120% desde o lançamento de Pokémon Go
Popularidade do jogo lançou esperanças de que a empresa se consiga reinventar e tenha sucesso na área da realidade aumentada.
Enquanto milhões de jogadores correm atrás de Pokemóns, os investidores estão a correr atrás de acções da Nintendo. O inesperado sucesso do jogo levou a que a cotação disparasse, numa subida alimentada por esperanças de que a empresa consiga repetir a façanha com outras das suas muitas personagens bem conhecidas no mundo dos videojogos.
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Enquanto milhões de jogadores correm atrás de Pokemóns, os investidores estão a correr atrás de acções da Nintendo. O inesperado sucesso do jogo levou a que a cotação disparasse, numa subida alimentada por esperanças de que a empresa consiga repetir a façanha com outras das suas muitas personagens bem conhecidas no mundo dos videojogos.
Desde 6 de Julho, data de lançamento de Pokémon Go – que leva os jogadores a calcorrearem ruas, parques e monumentos na tentativa de capturar criaturas virtuais –, as acções da Nintendo subiram 120%, atingindo o valor mais elevado desta década. Ao longo da última semana, a capitalização bolsista duplicou, levando a que a companhia ultrapasse a também japonesa Sony.
É uma inversão da trajectória dos anos recentes. A Nintendo não tem despertado grande interesse nos investidores e as acções estavam numa tendência de descida, na sequência de um lançamento há quatro anos da consola doméstica Wii U, cujas vendas ficaram aquém das expectativas, e de um consequente declínio nas receitas e resultados.
O renovado interesse nas acções surpreendeu alguns analistas. “Nunca vi a tendência das acções de uma empresa tão grande mudarem tão rapidamente num espaço de tempo tão curto”, comentou à agência Reuters um analista da Okasan Securities.
A Nintendo não é a única dona da aplicação. Os primeiros Pokémon (uma palavra criada a partir das palavras “pocket monster”, ou “monstros de bolso”) surgiram na década de 1990 para o Game Boy, a antiga consola portátil da Nintendo. Actualmente, o enorme leque de produtos com base naquelas criaturas é gerido por uma empresa chamada The Pokémon Company, da qual a Nintendo tem cerca de um terço do capital. O Pokémon Go foi criado em parceria com a Niantic, uma empresa que nasceu dentro do Google e se autonomizou no ano passado.
A aplicação está a ter um enorme sucesso. Já está disponível em quase toda a Europa, na América do Norte e na Austrália. Chegou oficialmente a Portugal na sexta-feira e a PSP já lançou um alerta para cuidados a ter durante as caçadas. Esta quarta-feira estreia-se no Japão.
O jogo pode ser descarregado gratuitamente para iPhone e aparelhos com Android, mas os utilizadores têm depois a possibilidade de comprar itens dentro do jogo – um deles, por exemplo, atrai Pokémons para um determinado local e é uma funcionalidade que já foi usada por lojas e restaurantes para captar clientes que andavam em busca das criaturas digitais. Depois de capturados, os Pokémons podem ser usados em combates.
O sucesso do jogo acabará por ajudar nas contas da Nintendo, mas a empresa recebe apenas uma parte das receitas geradas. É a perspectiva de que possa vir a tornar-se num nome de peso no campo da realidade aumentada (em que imagens digitais se sobrepõem a imagens do mundo físico) e da realidade virtual que está a animar os investidores.
A Nintendo já tinha anunciado que pretendia levar as suas personagens para os telemóveis, embora tenha recusado a ideia de transpor para estes aparelhos os jogos das consolas. Entre as personagens mais conhecidas da Nintendo estão o icónico canalizador Mario e o irmão, Luigi, as personagens da saga The Legend of Zelda, que se estreou há 30 anos, e o ainda mais antigo gorila Donkey Kong. No ano passado, a companhia também afirmou querer entrar na área da saúde e bem-estar. Por ora, conseguiu pôr milhões de pessoas a fazer quilómetros de telemóvel em riste, em busca de pequenos monstros.