Mais de 35 mil pessoas presas, demitidas ou suspensas na Turquia
Depois do golpe falhado, Governo já suspendeu, demitiu e deteve cerca de 35 mil pessoas, do Exército, à polícia e justiça.
O golpe militar na Turquia falhou, mas há uma autêntica revolução em curso que está a varrer o Estado. Em poucos dias, foram demitidos, presos ou suspensos quase 35 mil membros do Exército, justiça, segurança interna e, agora, educação. Esta terça-feira, foi anunciada a suspensão de mais de 15 mil funcionários do Ministério da Educação e o Conselho para o Ensino Superior pediu a demissão dos mais de 1500 reitores e dirigentes das universidades públicas e ligadas a fundações privadas.
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O golpe militar na Turquia falhou, mas há uma autêntica revolução em curso que está a varrer o Estado. Em poucos dias, foram demitidos, presos ou suspensos quase 35 mil membros do Exército, justiça, segurança interna e, agora, educação. Esta terça-feira, foi anunciada a suspensão de mais de 15 mil funcionários do Ministério da Educação e o Conselho para o Ensino Superior pediu a demissão dos mais de 1500 reitores e dirigentes das universidades públicas e ligadas a fundações privadas.
Esta é a apenas a mais recente decisão de afastamento de dirigentes e funcionários públicos que o regime do Presidente, Recep Erdogan, diz estarem ligados aos autores da tentativa de golpe de sexta-feira.
Logo nos primeiros dias a seguir ao golpe, foram detidos cerca de seis mil militares, entre os quais uma dezena de generais que aguardam julgamento, suspensos três mil magistrados e demitidos cerca de nove mil elementos das forças de segurança. Segundo a Reuters, foram ainda afastados 257 funcionários do gabinete do primeiro-ministro, cerca de 10% do número total.
O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Raad al-Hussein, afirmou que as suspensões e afastamento de juízes em larga escala são “causa para graves preocupações”.
A associação dos Magistrados Europeus para a Democracia e Liberdades (MEDEL) exigiu a libertação dos juízes e dos procuradores detidos e disse que as instituições europeias “não podem ficar em silêncio” face aos abusos de poder na Turquia. “Afastar um quarto dos juízes e procuradores numa questão de horas, e prender muitos deles, são acções próprias de regimes totalitários, não de uma democracia”, escreve a organização.
Para além da "purga" na administração estatal, Erdogan está também concentrado nos media. O Alto-Conselho para a Rádio e Televisão (RTAK) retirou as licenças a 24 cadeias acusadas d eterem ligações ao movimento Hizmet (Serviço), ligado ao imã Fetullah Gülen, considerado pelas autoridades turcas o mentor do golpe.
Há muito que Erdogan acusa o movimento gülenista de ter estabelecido um “Estado paralelo” no interior da Turquia, a partir do qual estaria a tentar derrubar o regime do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). Ancara está já a tratar dos procedimentos para pedir a extradição de Gülen, actualmente auto-exilado nos EUA.