Crime de honra no Paquistão: "Claro que a estrangulei"
Vedeta das redes sociais foi assassinada pelo irmão para não "envergonhar" mais a família.
Estrangulou-a e assume: o irmão de uma jovem estrela paquistanesa não se mostra arrependido já que era necessário impedir que a vergonha se continuasse a abater sobre a família. Este tipo de crime, dito de “honra”, tem-se multiplicado no Paquistão.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Estrangulou-a e assume: o irmão de uma jovem estrela paquistanesa não se mostra arrependido já que era necessário impedir que a vergonha se continuasse a abater sobre a família. Este tipo de crime, dito de “honra”, tem-se multiplicado no Paquistão.
Apelidada como a Kim Kardashian paquistanesa, Qandeel Baloch, uma linda morena de olhos claros e lábios volumosos, foi morta nesta sexta-feira em casa dos seus pais perto de Multan, no Penjab.
A vítima, que tinha 20 anos, e cujo verdadeiro nome era Fauzia Azeem, era admirada por muitos jovens por se exprimir livremente nas redes sociais.
“Claro que a estrangulei", declarou neste domingo Muhammad Wasim, durante uma conferência de imprensa organizada pela polícia. “Ela estava no rés-do-chão e os nossos pais estavam a dormir no andar de cima. Dei-lhe um comprimido, depois matei-a”, disse, antes de declarar o seguinte: “ Não me arrependo do que fiz, ela tinha um comportamento completamente intolerável”.
Wasim foi preso no sábado. À polícia disse que tinha decidido matar a irmã depois da difusão recente de “vídeos chocantes, a maior parte via Facebook”. A polícia abriu um inquérito depois do pai ter apresentado queixa contra o filho.
Os autores deste tipo de crimes no Paquistão costumam geralmente escapar à justiça, fazendo uso de uma disposição controversa no direito islâmico, que permite que os familiares das vítimas perdoem os assassinos, em troca de uma quantia de dinheiro. Centenas de mulheres são mortas todos os anos no Paquistão por familiares acusadas de terem posto em causa a “honra” da família.
A notícia da morte de Baloch tem sido seguida por dezenas de milhares de pessoas através das redes sociais. Também foi lançada uma petição online de homenagem a Baloch, intitulada “Este não é um país para mulheres audaciosas” e em Lahore realizaram-se pequenas concentrações de homenagem à vítima.
Também se têm multiplicado os comentários ao seu funeral realizado neste domingo e que foi seguido apenas por homens, vestidos com longas túnicas tradicionais.
The partial view '~/Views/Layouts/Amp2020/NOTICIA_IMAGEM.cshtml' was not found. The following locations were searched:
~/Views/Layouts/Amp2020/NOTICIA_IMAGEM.cshtml
NOTICIA_IMAGEM
Nas redes sociais, a jovem aparecia sempre cuidadosamente penteada e maquilhada, com poses que os seus compatriotas mais conservadores apelidavam de escandalosas.