Governo quer agilizar intervenções de defesa da costa
Litoral XXI é apresentado esta sexta-feira. Praias entre a Costa Nova e Vagueira alimentadas com areias do Porto de Aveiro.
Os Ministérios do Ambiente e do Mar apresentam esta sexta-feira, em Vagos, o Litoral XXI – Governança e Plano de Acção, documento que define as prioridades de intervenção nas áreas do país sujeitas a fenómenos de erosão costeira e que inclui também a descentralização, para a esfera dos municípios, de competências hoje concentradas na Agência Portuguesa do Ambiente e noutras instituições dependentes da Administração Central.
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Os Ministérios do Ambiente e do Mar apresentam esta sexta-feira, em Vagos, o Litoral XXI – Governança e Plano de Acção, documento que define as prioridades de intervenção nas áreas do país sujeitas a fenómenos de erosão costeira e que inclui também a descentralização, para a esfera dos municípios, de competências hoje concentradas na Agência Portuguesa do Ambiente e noutras instituições dependentes da Administração Central.
O Plano é apresentando numa das zonas da costa mais sujeitas aos efeitos da erosão. Sem intervenção humana, e se o nível do mar aumentar como os cientistas prevêem, até 2100 a praia da Vagueira, em Vagos, corre um sério risco de ser riscada do mapa. Em 2014, a equipa do projecto Change – Mudanças Climáticas, Costeiras e Sociais, estimava que o mar pode avançar terra dentro ao longo de 11,6 metros já em 2025 e inundar as zonas na cota dos 2,5 metros.
O problema acentuou-se nas últimas décadas – entre 1973 e 1996, a linha de costa recuou 200 metros a sul da Vagueira, considerada a zona mais crítica para o equilíbrio da Ria de Aveiro – e seguindo as propostas contidas no último relatório sobre a gestão da zona costeira, e incluídas no novo Plano de Acção de Protecção e Valorização do Litoral 2016-2020, a solução passa pela reposição do equilíbrio sedimentar naquela área. Por isso, esta sexta-feira é assinado um contrato entre a Agência Portuguesa do Ambiente e a Administração do Porto de Aveiro para a dragagem de dois milhões de metros cúbicos de sedimentos do interior da infra-estrutura portuária, sedimentos esses que alimentarão os areais em risco a sul.
Com um investimento estimado em mais de seis milhões de euros – repartidos pelas duas instituições e financiáveis por fundos comunitários – a dragagem de inertes existentes em depósito na ria e numa “ilha” localizada no Porto de Aveiro, em frente à Zona de Atividades Logísticas e Industriais, permitirá melhorar as condições de navegabilidade do porto. E, ao mesmo tempo, minimiza o défice sedimentar desta parte da costa, muito associado, precisamente, às intervenções humanas no litoral - como o prolongamento de molhes - que alteraram, ao longo de décadas, a normal deslocação de areias para sul.