Colecção de arte de David Bowie revelada e posta à venda
Serão leiloados 400 itens que incluem quadros, mobiliário e fotografias adquiridos pelo músico.
A música não era a única arte pela qual David Bowie se interessava. O cantor britânico, que tirou um curso técnico de arte e design, sempre fez questão de acompanhar de perto a forma como o seu trabalho era apresentado visualmente, no que dizia respeito a adereços de palco, às capas dos álbuns e até aos videoclipes.
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A música não era a única arte pela qual David Bowie se interessava. O cantor britânico, que tirou um curso técnico de arte e design, sempre fez questão de acompanhar de perto a forma como o seu trabalho era apresentado visualmente, no que dizia respeito a adereços de palco, às capas dos álbuns e até aos videoclipes.
Bowie que morreu em Janeiro deste ano era, ele próprio, pintor, mas gostava particularmente de comprar obras de artistas seus contemporâneos. A sua colecção, que será leiloada em Novembro pela Sotheby’s, é particularmente rica em arte britânica do início e do meio do século XX e constam nela nomes como Damien Hirst, Henry Moore, Frank Auerbach, Stanley Spencer e Patrick Caulfield. Antes do leilão que durará três dias haverá uma exposição realizada pela Sotheby’s, em Londres, durante dez dias, depois de uma exibição itinerante das peças mais importantes percorrer as cidades de Los Angeles, Nova Iorque e Hong Kong.
Além dos quadros de artistas britânicos, a colecção inclui, também, desenhos, fotografias, esculturas, peças contemporâneas de arte africana e de arte considerada “outsider” - trabalhos de artistas fora do mundo da arte convencional - como o Grupo Gugging, pacientes do hospital psiquiátrico de Gugging, em Viena, que ficaram conhecidos pela qualidade dos trabalhos artísticos desenvolvidos como terapia.
Será, leiloado, ainda, o quadro Air Power, uma pintura com graffiti do artista norte-americano Jean-Michel Basquiat, que sozinha deverá valer, segundo a Sotheby’s, 3 milhões de euros. Uma porta-voz da Sothebys refere, à agência de notícias Reuters, que se espera que a colecção arrecade cerca de 9 milhões de euros.
David Bowie comprava arte “obsessivamente, como um vício”, como confessou o artista em tempos, e fazia-o discretamente, através de um contacto pessoal com os próprios artistas. Exemplo disso são os sete quadros monocromáticos de John Virtue, que terá sido surpreendido um dia com uma chamada de Bowie a perguntar se poderia visitar o seu estúdio.
Em 1998, foi convidado a juntar-se ao comité editorial do jornal Modern Painters e contactou com nomes como Jeff Koons, Hirst e Tracey Emin. Bowie esteve várias vezes com Andy Warhol e encarnou o seu papel no filme autobiográfico sobre Basquiat.
Além disso, participou numa farsa ao mundo da arte mundial, a celebração do talento e da vida trágica de Nat Tate. Bowie foi o anfitrião de uma grande festa em Manhattan para o lançamento da biografia do artista que se teria suicidado, onde quase ninguém admitiu que nunca tinha ouvido falar dele, o que era perfeitamente natural, uma vez que era uma personagem fictícia, inventada pelo escritor William Boyd para o romance Nat Tate: An American Artist 1928–1960.
O administrador da Sotheby’s Europe, Oliver Barker, diz que Bowie é um criador tão grandioso como os da sua colecção. “Ecléctica, espontânea, suave: A colecção de David Bowie oferece uma perspectiva única sobre o mundo de um dos grandes espíritos criativos do século XX”, referiu, em comunicado.
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Se Bowie sempre foi um assumido entusiasta da arte, só agora conhecemos a dimensão desta paixão. Consta que, uma vez, se deparou com uma das esculturais e detalhadas pinturas de Frank Auerbach que o fez exclamar: “My God, yeah! I want to sound like that looks!", como eu queria soar como esta imagem... O cantor emprestou, anonimamente, um dos trabalhos mais importantes do pintor, o retrato da sua prima Gerda, à grande retrospectiva da sua vida feita em 2001. “O David gostava de partilhar os trabalhos que tinha em sua posse”, disse um representante de Bowie ao jornal britânico The Guardian.
A família do cantor, que vai pôr a colecção à venda por falta de espaço para a conservar, vai guardar algumas peças com particular significado pessoal, mas afirma que “é tempo de outros poderem apreciar e adquirir a arte e os objectos que ele admirava.”