Portugal emite dívida pública a dez anos com taxas de juro estáveis

Tesouro foi buscar ao mercado 1155 milhões de euros na primeira emissão de dívida depois de o Ecofin ter dado seguimento ao processo das sanções a Portugal.

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Cristina Casalinho, presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública Nuno Ferreira Santos

O Estado português foi nesta quarta-feira ao mercado de dívida pública emitir 1155 milhões de euros em Obrigações do Tesouro que vencem dentro de dez e seis anos.

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O Estado português foi nesta quarta-feira ao mercado de dívida pública emitir 1155 milhões de euros em Obrigações do Tesouro que vencem dentro de dez e seis anos.

Nos títulos da maturidade mais longa, o Tesouro obteve 584 milhões de euros, suportando uma taxa de juro de 3,093%. A taxa manteve-se estável em relação à operação idêntica há dois meses. Desta vez, os juros suportados foram ligeiramente mais baixos, comparando com os 3,25% registados no leilão de 11 de Maio, de acordo com dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, liderada por Cristina Casalinho.

Pelos restantes 571 milhões de euros obtidos na emissão de títulos a seis anos, a taxa de juro registada foi de 2,355%. Este ano o Tesouro ainda não tinha colocado obrigações com um prazo de seis anos. A operação idêntica mais recente tinha sido realizada em Maio do ano passado, altura em que a taxa de juro foi de 1,55%.

A operação desta quarta-feira coincidiu com a semana em que os ministros das Finanças da União Europeia deram seguimento ao processos que pode levar a Comissão Europeia a aplicar sanções a Portugal (e Espanha) pelo incumprimento da meta do défice em 2015. Uma decisão que não se traduziu num agravamento dos juros da dívida, neste primeiro “teste” do mercado depois de o Ecofin se ter pronunciado sobre as sanções.

Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, sublinha isso mesmo numa análise aos resultados da emissão de dívida desta quarta-feira, vincando que, “apesar do Brexit mas sobretudo da hipótese das sanções a Portugal por parte da UE, nada disso teve qualquer reflexo nos custos de financiamento do país nos leilões” desta quarta-feira.

Para o analista, “o que se retira daqui é que Portugal continua a ser uma boa alternativa para os investidores de dívida pública, dado que os países com melhor rating que o nosso apresentam taxas negativas nos prazos longos”.

Portugal colocou o total do valor previsto no conjunto das duas linhas de obrigações, tendo a procura superado 1,49 vezes a oferta nos títulos com maturidade em Outubro de 2026, enquanto na dívida que vence em Outubro de 2022 a procura superou 1,46 vezes a oferta.