Média do exame de Matemática do 9.º ano entre as piores dos últimos anos

A classificação média na prova de Português foi de 57%. A Matemática não passou dos 47%.

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As provas finais do 3.º ciclo foram realizadas pelos alunos do 9.º ano em 1232 escolas Daniel Rocha

Depois do ano negro de 2013, a média do exame de Matemática do 9.º ano voltou a descer, com os alunos a registar um dos piores resultados dos últimos anos. . A média foi de 47% numa escala de 0 a 100. Em 2013 tinha sido de 43%. Já na prova de Português, a média mantém-se em terreno positivo (57%), embora tenha descido por comparação ao ano passado (58%).

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Depois do ano negro de 2013, a média do exame de Matemática do 9.º ano voltou a descer, com os alunos a registar um dos piores resultados dos últimos anos. . A média foi de 47% numa escala de 0 a 100. Em 2013 tinha sido de 43%. Já na prova de Português, a média mantém-se em terreno positivo (57%), embora tenha descido por comparação ao ano passado (58%).

Os exames contam 30% para a nota final dos alunos e, por isso, os seus resultados não são, em geral, determinantes para se passar ou chumbar de ano. As pautas, que foram afixadas nesta terça-feira nas escolas, reflectem a média das notas internas (dadas pelos professores) e dos resultados obtidos nos exames.

Dos cerca de 91 mil estudantes que fizeram o exame de Matemática, 34% ficaram retidos nesta disciplina, mais dois pontos percentuais do que em 2014. A Português registou-se a situação inversa: 8% de chumbos, contra os 10% registados em 2015.

Estes resultados são conhecidos depois de, na semana passada, se terem multiplicado as declarações de regozijo, sobretudo de ex-governantes, por os dados relativos a 2014/2015, então divulgados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, darem conta de uma redução substancial dos chumbos pelo segundo ano consecutivo. 

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Os alunos com quem o PÚBLICO falou no dia da prova de Matemática, a 21 de Junho, consideraram que a prova até tinha sido “mais acessível” do que a de 2015. Os resultados provam que, mais uma vez, se enganaram.

Nas escolas, os professores disseram que as questões colocadas correspondiam à matéria dada em sala de aula, mas no seu parecer sobre o exame a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) já dava conta do seguinte: “Possui algumas questões que, não sendo propriamente difíceis, apelam, para a sua resolução, a capacidades de raciocínio matemático ou de reconhecimento de padrões.” A SPM, que se congratulou com este facto, destacou também que o exame integrava conteúdos “cuja importância e centralidade é enfatizada no novo programa e metas curriculares”, que para os alunos do 9.º ano entraram em vigor apenas no ano lectivo passado.

Quando os alunos desistem cedo

Os professores estão “desgastados”, não tem havido renovação da classe docente, o que terá “efeitos muito perniciosos a prazo” e, sobretudo, há “muitos alunos que continuam a desistir cedo demais, que é algo que não podemos aceitar que aconteça”, diz a presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Lurdes Figueiral.

Apesar de a APM ser muito crítica do novo programa de Matemática, sobre o qual incidiu a prova de 2016, Lurdes Figueiral não atribui os resultados ao tipo de exame que foi proposto. "No ano passado o programa era o antigo e os resultados também foram maus", lembra, Segundo ela, na origem deste desempenho está uma situação mais vasta e que diz respeito ao ensino básico em geral.

“Já no ano passado, quando a média desceu, apelámos a que se procedesse a uma reflexão profunda do que está a acontecer no básico”, lembra, para acrescentar que ao fim de nove anos de escolaridade seria “expectável” que todos os alunos conseguissem concluir esta etapa com sucesso, o que não está a acontecer. “É necessário um muito maior investimento neste nível de escolaridade, que passa pelo diagnóstico o mais precoce possível das dificuldades dos alunos e a adopção de medidas adequadas para as ultrapassar”, recomenda.  

Para passarem para o 10.º ano, os alunos não podem chumbar em simultâneo a Português e a Matemática ou terem negativa a três disciplinas. Numa escala de 1 a 5 são consideradas negativas as notas que se situarem abaixo de 2,5. No exame de Matemática, 16001 alunos ficaram-se pelo nível 1, também um dos valores mais altos dos últimos anos. No topo da escala (nível 5) ficaram 5725.

Já dos 90.545 alunos que realizaram a prova de Português, apenas 172 tiveram entre 0 e 19%, encaixando assim no nível 1, enquanto 2593 obtiveram entre 90 e 100% (nível 5).

Tanto a Associação de Professores de Português, como a nova associação nacional de professores da disciplina consideram o exame adequado “ao ano de escolaridade e faixa etária dos alunos”.

A Associação Nacional de Professores de Português lamentou, contudo, que no exame não constasse nenhum excerto d’Os Lusíadas, “dado o significado que a obra assume no 9.º ano”. Em vez de Camões, saiu Gil Vicente com uma parte do Auto da Barca do Inferno

Em comunicado, o Ministério da Educação destaca que na prova de Português “cerca de 73% dos alunos obtiveram uma classificação igual ou superior a 50%”, um valor que na prova de Matemática foi atingido por “cerca de metade dos estudantes”.

Segundo o ME, as provas foram realizadas em 1232 escolas, tenho estado envolvidos no processo de classificação 4088 professores. Nos dias de exames estiveram ainda “envolvidos cerca de 10.000 docentes vigilantes e pertencentes aos secretariados de exames das escolas”. 

Notícia inicial da Lusa substituída às 13h57. Título corrigido no dia 13 de Julho.