Parede com três "ratazanas" de Banksy destruída em Melbourne
A parede com três trabalhos de Banksy foi deitada abaixo para construção de uma porta
Em dois anos, são já cinco os trabalhos de Banksy perdidos na Austrália. A parede onde figuravam três pinturas de ratazanas da autoria do artista, na ACDC Lane, no centro de Melbourne, foi deitada abaixo por trabalhadores da construção civil para dar lugar a uma porta, acima da qual se podem ler actualmente as palavras "dream big". Em 2014, a dois metros do sítio onde estavam as estampas agora perdidas, foram destruídas outras duas peças do artista.
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Em dois anos, são já cinco os trabalhos de Banksy perdidos na Austrália. A parede onde figuravam três pinturas de ratazanas da autoria do artista, na ACDC Lane, no centro de Melbourne, foi deitada abaixo por trabalhadores da construção civil para dar lugar a uma porta, acima da qual se podem ler actualmente as palavras "dream big". Em 2014, a dois metros do sítio onde estavam as estampas agora perdidas, foram destruídas outras duas peças do artista.
Esta seria a maior colecção de trabalhos de Banksy em território australiano, realizados aquando da sua visita ao país em 2003. Mayer Eidelson, dono da empresa de turismo de arte urbana MelbourneWalks.com, que deu pela falta dos trabalhos, disse à Fairfax Media que, da parede com as obras de Banksy, restaram apenas "cascalhos que foram postos num caixote de forma descuidada."
Melbourne enfrenta, actualmente, um crescimento na construção que tem vindo a revelar-se um obstáculo para a preservação da arte urbana. Mayer Eidelson refere que a cena artística da cidade está a ser prejudicada porque há “cada vez mais buracos nas paredes centenárias" e "os negócios querem cada vez mais tirar partido dos espaços ‘cool’”.
A localização dos trabalhos perdidos era conhecida entre os apreciadores de arte e artistas, que inicialmente escolheram não revelá-la para proteger o que resta do acto de vandalismo. Mayer Eidelson afirma, numa publicação escrita no site da sua empresa, que essa não foi a decisão correcta e que a comunidade deve, em vez disso, fazer-se ouvir. “A herança cultural da nossa cidade está sob ameaça”. Eidelson chamou, ainda, a atenção para a capitalização dos trabalhos artísticos por parte dos grandes negócios. “Apenas a pressão do público pode mudar este planeamento inconsciente”, disse.
Ao longo dos anos, o Melbourne City Council tem tentado proteger as obras de Banksy, tendo chegado a colocar uma capa de protecção numa das localizações. No entanto, em 2008, o trabalho sofreu vandalismo, tendo sido pintado por cima com tinta acrílica.
Uma porta-voz do City Council disse que está a decorrer uma investigação sobre o incidente. “A arte urbana é, por natureza, temporária, efémera e sempre em constante mudança, mas tentamos preservar os murais de arte legais sempre que possível. Esta arte é essencial para a vitalidade da cidade”.
A Austrália não é caso único na destruição de trabalhos de Banksy. Em 2014, um mural considerado racista foi pintado por cima em Essex, Inglaterra e, em 2013, uma obra do artista mistério no centro de Londres foi eliminada depois de um membro da Assembleia de Londres ter considerado que mantê-lo era “consentir as práticas do graffiti”.