Um campeão europeu com uma equipa “made in” Sporting
Os “leões” foram o clube que mais jogadores cedeu à selecção. Nos sub-21, há uma contribuição mais igualitária dos “grandes”.
Portugal sagrou-se campeão europeu diante da França, num torneio em que Fernando Santos pôde utilizar todos os jogadores de campo. Olhando para os eleitos do seleccionador, verifica-se um domínio de atletas “made in” Sporting (10). Uma tendência que não se aplica apenas à selecção A.
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Portugal sagrou-se campeão europeu diante da França, num torneio em que Fernando Santos pôde utilizar todos os jogadores de campo. Olhando para os eleitos do seleccionador, verifica-se um domínio de atletas “made in” Sporting (10). Uma tendência que não se aplica apenas à selecção A.
Fernando Santos convocou 23 atletas, sendo que o clube de Alvalade foi o mais requisitado, ao ceder quatro jogadores que foram (praticamente) titulares ao longo da competição: Rui Patrício, William Carvalho, Adrien Silva e João Mário.
No entanto, viajaram para Marcoussis dez jogadores formados em Alcochete. Para além de Rui Patrício — eleito melhor guarda-redes da prova —, na defesa Cédric Soares e José Fonte já envergaram a camisola dos “leões”, ainda que em circunstâncias diferentes: o lateral jogou cinco temporadas em Alvalade, ao passo que o central do Southampton não passou da equipa B.
No sector intermediário, William e João Mário foram presenças assíduas, sendo que Adrien conquistou o lugar a um antigo capitão do Sporting: João Moutinho. Formado em Alcochete, pôs fim a uma ligação de 13 anos com os “leões” quando se transferiu para o FC Porto, em 2010.
O ataque português esteve entregue a Ronaldo e Nani, ambos com “educação” leonina. E Quaresma — autor do golo diante da Croácia — partilhou o balneário com o capitão nos escalões de formação.
A prestação de Portugal evidenciou, em boa medida, a qualidade das escolas do Sporting, mas a situação não é nova. No Europeu de sub-21 de 2015, na República Checa, Rui Jorge elegeu oito futebolistas “criados” em Alvalade. Do Benfica levou seis e do FC Porto cinco.
Dessa geração que se sagraria vice-campeã europeia, William — eleito o melhor jogador do torneio — e João Mário ascenderiam à selecção principal e de lá não sairiam. Fora de Alvalade, Raphaël Guerreiro e Rafa Silva fariam o mesmo percurso.
Depois desse torneio, a selecção orientada por Rui Jorge quer chegar à Polónia, ao Euro 2017, com a ambição de vencer a prova. O percurso está a correr de feição à equipa, já que em seis jogos só totaliza vitórias, possui o segundo melhor ataque da fase de qualificação (23) e a melhor defesa, com um golo sofrido.
Nas últimas convocatórias, de resto, tem-se registado um equilíbrio nos três “grandes”, ainda que com desvantagem para os “dragões”. Em seis jogos, o FC Porto viu seis jogadores da formação representarem Portugal, ao passo que Benfica e Sporting “geraram” oito.
A julgar pelo recente percurso das selecções mais jovens, fica a garantia de que continua a haver qualidade nas escolas de formação portuguesas. E a eleição de Renato Sanches como o melhor jovem jogador do Euro 2016 está aí para o provar.
Texto editado por Nuno Sousa