Berlim está a tentar guardar o techno e o graffiti em museus e “arquivos vivos”
Um museu para cada uma das expressões de subculturas que desde a queda do Muro ajudaram a moldar a cidade alemã.
A queda do muro transformou Berlim em muitas coisas e uma delas foi uma espécie de capital não oficial do techno e da street art, beneficiados pelos ventos de liberdade e pelo contacto entre duas faces de uma mesma moeda alemã e por uma paisagem de habitação acessível e espaços industriais abandonados. A massificação do turismo, a migração primeiro de comunidades artísticas e depois a gentrificação aproximaram-na do mainstream, e agora alguns agentes da cidade estão a tentar preservar o que ainda não se perdeu e o que corre o risco de se transformar para sempre. Numa galeria numa rua movimentada de Berlim e num dos templos do techno da capital alemã.
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A queda do muro transformou Berlim em muitas coisas e uma delas foi uma espécie de capital não oficial do techno e da street art, beneficiados pelos ventos de liberdade e pelo contacto entre duas faces de uma mesma moeda alemã e por uma paisagem de habitação acessível e espaços industriais abandonados. A massificação do turismo, a migração primeiro de comunidades artísticas e depois a gentrificação aproximaram-na do mainstream, e agora alguns agentes da cidade estão a tentar preservar o que ainda não se perdeu e o que corre o risco de se transformar para sempre. Numa galeria numa rua movimentada de Berlim e num dos templos do techno da capital alemã.
O clube lendário Tresor está a celebrar o seu 25.º aniversário e ainda atrai uma clientela internacional para ouvir música electrónica, mas já não bate rivais mais jovens como o hedonista Berghain. Ainda assim, o fundador do Tresor, Dmitri Hegemann, de 60 anos, quer criar uma espécie de museu dedicado ao techno na central eléctrica onde a discoteca funciona desde 2007. No ano passado houve 30 milhões de dormidas em Berlim e Hegemann estima que “50 a 60%” dos visitantes foram atraídos por estes ramos da subcultura e da “cultura de renovação” que se moldou e moldou a cidade.
“O techno foi o ímpeto” para esse movimento, defende o fundador do clube nocturno, que não quer bem chamar museu ao que está a criar no Tresor. Prefere Arquivos Vivos do Techno. Será um lugar de experiência imersiva, descreve “de repente, fica escuro, a máquina de fumo começa e um DJ aparece ao fundo, um bar sobe do chão, o baixo começa a vibrar e então a festa começa. Um museu dos sentidos para aqueles que não vão sair” à noite.
No que toca ao graffiti, ele está um pouco por todo o lado e, como noutras cidades do ocidente, é cada vez mais aceite na sua formulação street art na paisagem berlinense, com o próprio Muro a situar-se como o principal exemplo dessa estabilização. Tornou-se uma tela para dizeres e arte de qualidade e uma das suas maiores extensões pintadas foi recentemente restaurada para preservar os murais da década de 1990, sendo uma atracção turística em nome próprio.
A fundação Urban Nation, gerida pela ex-galerista Yasha Young, começou a trabalhar em Maio no que será um museu dedicado à “arte urbana contemporânea” que deve abrir em 2017 e que reconhece os riscos de enclausurar a arte da rua entre quatro paredes. “Não estou a tentar enfiar a street art do mundo pelo buraco da agulha e fechá-lo numa casa”, disse à AFP, explicando que se “chama um museu porque também fará o que um museu faz: coleccionar, investigar, arquivar e apoiar [artistas]”.
O projecto, que terá um café, residências artísticas e uma biblioteca, fica na Buelowstrasse, uma avenida que é mais conhecida pelo trânsito que acumula do que por ser trendy. A expectativa aponta para o que em muitas cidades foi o primeiro passo de arriscados fenómenos de gentrificação – “esperamos que se torne uma art mile”, um art district e “um hub verdadeiramente vivo”, diz Yasha Young.
A autarquia cedeu espaço para “um projecto delirante e louco e ao mesmo tempo sendo por isso perfeito para Berlim”. Tim Renner, o vereador da cultura da cidade, está contente em nome da cidade.