Com estas obras, mas não só, Loures quer revitalizar os seus centros urbanos
Começam em Outubro, e prolongam-se por seis meses, as empreitadas de requalificação do espaço público de Camarate, Loures e Moscavide. Sacavém também está abrangida por este projecto, que vai além da “melhoria do espaço físico”
“Inverter a tendência de declínio que se tem verificado nas últimas décadas” nos centros urbanos do concelho é o grande objectivo dos projectos de “revitalização” que a Câmara de Loures se prepara para concretizar. As primeiras obras arrancam em Outubro e a expectativa do município é que elas contagiem proprietários e comerciantes, levando-os a investir na reabilitação do seu património.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Inverter a tendência de declínio que se tem verificado nas últimas décadas” nos centros urbanos do concelho é o grande objectivo dos projectos de “revitalização” que a Câmara de Loures se prepara para concretizar. As primeiras obras arrancam em Outubro e a expectativa do município é que elas contagiem proprietários e comerciantes, levando-os a investir na reabilitação do seu património.
Camarate, Loures, Moscavide e Sacavém são as localidades abrangidas por esta operação que, como observa o presidente da câmara, assenta em grande parte na “melhoria do espaço físico”. Mas, em declarações ao PÚBLICO, Bernardino Soares sublinha que para travar o “declínio” dos centros urbanos, e para lhes dar “mais vida”, é preciso ir além disso e apostar “noutras medidas”.
Nesse sentido, explica, a autarquia está também a trabalhar para oferecer àqueles que têm propriedades junto aos núcleos que agora vão ser intervencionados um conjunto de incentivos à reabilitação do património. Para lá desta “discriminação positiva”, Bernardino Soares defende a importância de haver nas áreas requalificadas (que vão ficar “com condições para o lazer e para a actividade comercial muito melhores”) “um conjunto de elementos de animação cultural e de outro tipo”.
Com a junção de todos estes factores, o autarca do PCP acredita que se conseguirá “conquistar” para os centros urbanos não só as pessoas que já lá vivem ou trabalham (e que hoje não fruem do espaço) mas também “as que nunca pensaram em lá ir”. A sua expectativa é que num futuro próximo Camarate, Loures, Moscavide e Sacavém ganhem “atractividade” e passem a ser locais a que muitos entendam ser “útil” e “aprazível” ir.
O primeiro passo para que isso aconteça será dado já em Outubro, com o início das obras no espaço público nas três primeiras daquelas localidades. Em Sacavém, como explica ao PÚBLICO a coordenadora do Gabinete de Revitalização Urbana da câmara, os trabalhos avançarão mais tarde, dado que o município optou por “reavaliar” o projecto inicial depois da discussão pública que foi promovida.
Segundo Margarida Tomás, as empreitadas deverão prolongar-se por seis meses e têm, apesar das especificidades de cada uma das áreas de intervenção, objectivos comuns. À cabeça surge a reabilitação do espaço público e o desejo de criar nos diferentes centros urbanos “uma praça central”, em redor da qual haja património recuperado e habitado, comércio e animação.
Os projectos de Loures e de Camarate foram desenvolvidos pelo arquitecto José Adrião e os de Moscavide e Sacavém pelo Atelier RUA. Para cada uma das localidades foi também criada uma nova imagem gráfica. Para já, diz Bernardino Soares, está garantida uma verba de 2,8 milhões de euros para a concretização desta operação de revitalização, sendo certo que as ambições da autarquia vão muito para lá disso, estando já em preparação uma segunda fase de intervenções.
Em Camarate, as obras da primeira fase passam no essencial, como resume a coordenadora do Gabinete de Revitalização Urbana, por uma intervenção naquele que é o seu principal eixo de comércio, a Rua Avelino Salgado de Oliveira. Aí a área reservada à circulação automóvel “vai ser reduzida” e os passeios vão crescer, sendo criada uma grande área em calçada no Largo da Igreja de Santiago. Para um segundo momento ficam a criação de um espaço para a prática desportiva por baixo do viaduto da CRIL e de um jardim numa área que está hoje devoluta, bem como a pedonalização de duas vias.
Na cidade de Loures, a grande aposta é, como explica Margarida Tomás, na criação de “uma centralidade a partir da Rua da República”, que é aquela em que se concentram serviços e comércio e junto à qual ficam os Paços do Concelho. Esta via passará a ter um só sentido, o que permitirá que os passeios sejam alargados. Aqui como nas outras áreas de intervenção a aposta será na calçada, mas haverá sempre um corredor com um pavimento diferente, mais “confortável”.
Com isso, e com a intervenção no mercado de levante que está programada para uma segunda fase, Bernardino Soares acredita que será possível “dar uma dignidade que hoje não existe à sede do concelho”. Já em relação a Moscavide, a ambição do autarca é que esta localidade se afirme como “a Baixa comercial da zona Oriental de Lisboa e de Loures”.
Nesse sentido, a obra que vai ser feita passa por eliminar o estacionamento num dos lados da Avenida de Moscavide, no qual serão plantadas árvores, em canteiros que servirão também de bancos, e instaladas esplanadas. Para mais tarde aponta-se já uma intervenção no Largo da Igreja e a abertura, numa antiga esquadra, de um serviço de informação municipal, entre outras obras.
Finalmente, em Sacavém a empreitada a concretizar passa no essencial pela transformação do antigo mercado (que há vários anos não tem essa função) num espaço de atendimento aos munícipes. O largo fronteiro ao equipamento será também intervencionado, por forma a que os peões conquistem espaços que hoje estão ocupados pelo automóvel.
Comuns a todos os projectos são aspectos como a plantação de árvores, a remoção dos passeios de sinalética desnecessária e da publicidade, o aumento das áreas pedonais e a substituição da iluminação pública existente por iluminação LED. A eliminação de lugares de estacionamento é também, de forma mais ou menos evidente, comum às quatro intervenções, sendo que em todas elas a câmara procurou oferecer alternativas em condições semelhantes.