Ordem dos Dentistas quer menos vagas nas faculdades e menos profissionais
Há quase 9.000 médicos dentistas em Portugal, um número que a Ordem considera muito acima das necessidades do país
O número de médicos dentistas aumentou 4,6% só no último ano, segundo o documento "Números da Ordem 2016", elaborado periodicamente desde 2004. Nas sete faculdades portuguesas de medicina dentária havia, em 2015, 3.192 alunos inscritos, um valor que a Ordem considera muito acima das necessidades do país.
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O número de médicos dentistas aumentou 4,6% só no último ano, segundo o documento "Números da Ordem 2016", elaborado periodicamente desde 2004. Nas sete faculdades portuguesas de medicina dentária havia, em 2015, 3.192 alunos inscritos, um valor que a Ordem considera muito acima das necessidades do país.
Para a Ordem dos Médicos Dentistas, a solução passa por reduzir de forma drástica o número de vagas nas faculdades de medicina dentária. "O número de profissionais de medicina dentária é excessivo face às necessidades da população portuguesa. Já estamos muito acima da recomendação da Organização Mundial da Saúde de um médico dentista por cada 2000 habitantes", afirmou à agência Lusa o bastonário Orlando Monteiro da Silva.
As estimativas apontam para que dentro de dois anos Portugal tenha já um médico dentista por cada mil habitantes, o dobro das necessidades. Para a Ordem, só resta aos novos profissionais duas soluções: ou o sub-emprego ou a emigração.
Calcula-se que cerca de 1500 a 1800 médicos dentistas estejam a trabalhar fora do país, sobretudo em países europeus, em particular no Reino Unido. Quanto ao sub-emprego, não surge na estatística mas os profissionais vivem numa "situação decepcionante", lamenta Monteiro da Silva. "O sub-emprego nesta área é absolutamente dramático para os mais jovens, que se desdobram a trabalhar em quatro ou cinco locais em simultâneo, com situações muito precárias e ordenados baixíssimos."
Para o bastonário, é urgente que as faculdades de medicina dentária cheguem a um entendimento para "reduzir drasticamente" o número de vagas para mestrados integrados. Actualmente saem cerca de 500 a 700 profissionais para o mercado de trabalho, quando deveriam sair apenas cerca de 200, no entender da Ordem. "Na abertura do próximo ano lectivo, já em Outubro, é imperativo que haja menos alunos no primeiro ano", apela Monteiro da Silva, aconselhando as faculdades a apostar, por exemplo, no ensino pós-graduado para médicos dentistas portugueses e para profissionais estrangeiros.
Os números da Ordem relativos a 2015 mostram que a média de idade dos dentistas a exercer em Portugal é de 38 anos e que 64% dos inscritos na Ordem têm menos de 40 anos. Estes dados mostram também que há poucos profissionais a abandonar a profissão a cada ano, uma vez que a média etária não é elevada.
Recentemente abriu um concurso para 13 médicos dentistas entrarem nos projectos-piloto no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas o bastonário apela a que se abram mais lugares dentro do serviço público: "Num país que tem tantas carências no acesso a saúde oral, era de particular bom senso aproveitar estes médicos dentistas no sub-emprego e colocá-los a servir a população mais necessitada, no âmbito do SNS".