Passos Coelho: "O Governo virou a página da credibilidade e atirou a confiança pela janela fora"

O anterior primeiro-ministro acusa o actual Executivo de "atirar a confiança" pela janela fora. Passos afasta a responsabilidade do seu Governo "nas sanções e instabilidade financeira".

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Líder da oposição não poupa críticas a sucessor na semana do primeiro debate do Estado da Nação Miguel Manso

O antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acusa o actual Governo de ter afastado a confiança e a credibilidade do país, não só em relação aos parceiros, investidores e instituições, mas também dos próprios cidadãos. No texto de opinião que assina esta segunda-feira no jornal Diário de Notícias, Passos Coelho faz um balanço do último ano e não poupa criticas ao actual executivo.

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O antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acusa o actual Governo de ter afastado a confiança e a credibilidade do país, não só em relação aos parceiros, investidores e instituições, mas também dos próprios cidadãos. No texto de opinião que assina esta segunda-feira no jornal Diário de Notícias, Passos Coelho faz um balanço do último ano e não poupa criticas ao actual executivo.

“Movido pelo lema de virar a página da austeridade, o novo Governo o que virou foi a página da credibilidade e atirou a confiança pela janela fora”, analisa o líder do PSD. As consequências foram a descida a pique do investimento e a queda das exportações, continua o antigo governante, antecipando “uma deterioração da balança externa”. Passos Coelho deixa avisos: “o adiamento de despesa, corrente e de investimento, tornarão o segundo semestre uma bomba ao retardador”.

Comparativamente a 2015, “a recuperação económica não só perdeu vigor, como a perspectiva de crescimento para este ano recuou de forma medíocre para perto de 1%”, aponta. Apesar de reconhecer a “tendência de decréscimo gradual do desemprego”, Passos afirma que “o emprego parou de crescer, alternando entre a estagnação e a destruição”.

Fala ainda do “parto atribulado” do Orçamento de Estado e destaca que é a carga fiscal dos combustíveis que está a suportar a recuperação salarial na função pública. Paralelamente, “crescem novamente os atrasos de pagamentos a fornecedores, sobretudo na área da saúde”.

O antigo primeiro-ministro considera que não fosse o Banco Central Europeu e Portugal já não se conseguiria financiar nos mercados externos. Por isso, continua, a credibilidade e a confiança desapareceram da conversa externa e foram substituídas por recriminações a eventuais sanções. Uma consequência “da nova abordagem e da nova orientação política seguidas pelos socialistas e seus aliados”, afirma Passos Coelho.

“Numa tentativa desesperada para rescrever a história, quer justificar sanções e instabilidade financeira com os resultados que lhe foram legados pelo Governo anterior”, enquanto afunila a diferença “entre os sonhos que vendeu e os resultados que oferece”. Passos afirma que “o Governo não conseguiu convencer a Comissão Europeia nem o Eurogrupo” e isso puxou “a conversa sobre as medidas adicionais”, que tanto o presidente do Eurogrupo e como comissário europeu responsável pelo semestre europeu insistem ser necessárias.

“Sendo ambos socialistas, não pode o Governo vir dizer que é a visão ultraliberal da Comissão que obriga a uma maior e desnecessária exigência orçamental”, avalia.

No que respeita ao sector financeiro, Passos acredita que o seu sucessor tratou “da pior maneira” a situação do Banif, o que “acabou por custar demasiado aos bolsos dos contribuintes”. Além disso, o Governo de António Costa deixa “alimentar as maiores especulações sobre a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco”.

“Infelizmente as coisas estão a correr mal, mas este resultado não tem nada de inesperado. É apenas a consequência natural da falta de prudência e da visão fanfarrona daqueles que nos governam hoje”, critica o social-democrata.

Passos afasta as desculpas “mau pagador” viradas contra Bruxelas e a Europa ou contra o anterior Governo. “A estratégia do inimigo externo é passadista e relembra tempos de manipulação social que só podemos repudiar”, conclui.