Austrália teme impasse após resultado cerrado nas legislativas

Será preciso esperar pelo fim da contagem de votos para saber se eleições foram ganhas pelos liberais ou pelos trabalhistas. Cenário mais provável aponta para um Governo sem maioria.

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O primeiro-ministro Malcom Turnbull perdeu a aposta que fez ao pedir a dissolução das duas câmaras do Parlamento William West/Reuters

Os australianos terão de esperar mais alguns dias para saber quem venceu as legislativas de sábado – com sete lugares ainda por atribuir, só a contagem dos votos enviados por correspondência, permitirá perceber se será o primeiro-ministro cessante Malcom Turnbull é reconduzido ou se o poder regressa às mãos dos trabalhistas. Em qualquer dos cenários, a hipótese mais provável é um governo minoritário, dependente de alianças com independentes e pequenos partidos.

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Os australianos terão de esperar mais alguns dias para saber quem venceu as legislativas de sábado – com sete lugares ainda por atribuir, só a contagem dos votos enviados por correspondência, permitirá perceber se será o primeiro-ministro cessante Malcom Turnbull é reconduzido ou se o poder regressa às mãos dos trabalhistas. Em qualquer dos cenários, a hipótese mais provável é um governo minoritário, dependente de alianças com independentes e pequenos partidos.

O resultado da votação não é, de longe, o que Turnbull esperava quando pediu a dissolução de ambas as câmaras do Parlamento, numa tentativa para conseguir controlar o Senado e afastar os independentes que tinham bloqueado parte da sua agenda económica. Arrisca-se também a prolongar o clima de instabilidade política na Austrália, país que em apenas três anos conheceu quatro primeiros-ministros – os analistas admitem que um governo minoritário levará as agências de notação financeira a baixarem o rating, actualmente no nível AAA.

Com mais de dois terços dos votos contados, a Comissão Eleitoral atribui 71 deputados ao Labor, 67 à coligação Liberal-Nacional de Turnbull, que na anterior legislatura detinha 90 dos 150 lugares na Câmara dos Representantes. Dois independentes, um deputado do Partido Ecologista e dois da formação criada pelo Nicholas Xenephon, estão também em condições de virem a ganhar os respectivos círculos eleitorais. Um cenário que não deverá ser muito diferente no Senado, onde se espera que os pequenos partidos assumam, ainda com maior destaque do que na anterior legislatura, o papel de fiel da balança entre trabalhistas e liberais.

Apalpar terreno

Apesar do revés, o primeiro-ministro cessante disse neste domingo que permanece “calmamente confiante” de que, contas feitas, conseguirá eleger 76 deputados necessários para a maioria absoluta, considerando que os votos por correspondência favorecem tradicionalmente os liberais. Mas garantiu que se o resultado ficar aquém das expectativas vai “trabalhar de forma construtiva” com as várias bancadas.Apalpar terreno

“Posso prometer a todos os australianos que dedicaremos todos os nossos esforços a garantir que a situação no novo Parlamento é resolvida sem divisões ou rancores”, prometeu o líder liberal, que durante a campanha repetiu alertas sobre o risco de o futuro da Austrália ficar nas mãos dos pequenos partidos. A imprensa de domingo garante que a equipa de Turnbull já iniciou contactos preliminares com os independentes e as pequenas formações, mas o Labor também está a apalpar terreno.

“Não tenho certeza sobre quem ganhou, temos de esperar que a Comissão Eleitoral faça o seu trabalhe e conte os votos. O que que tenho certeza é que, mesmo não sabendo quem é o vencedor, sabemos já quem é o claro derrotado: a agenda para a Austrália de Malcom Turbull”, afirmou o líder trabalhista, Bill Shorten, que durante a campanha apontou baterias aos planos do Governo para reduzir o orçamento do sistema de saúde e aprovar reduções fiscais às empresas durante dez anos.

Novo golpe palaciano?

Ainda que consiga segurar a maioria, Turnbull perdeu claramente a aposta que fez ao convocar eleições antecipadas – não só não desfez a minoria de bloqueio no Senado, como perdeu a confortável vantagem que detinha na Câmara dos Deputados. Se perder as eleições, será mesmo a primeira vez em 85 anos que um partido australiano perde o poder ao fim de um mandato, escreve a Reuters.

Não se estranha, por isso, que menos de um ano depois de ter destronado o antigo primeiro-ministro Tony Abbott, prometendo restaurar a estabilidade do país e reaproximar a coligação dos valores de centro-direita, haja já rumores de um novo golpe palaciano. Um cenário que também não está afastado no Labor, apesar de Shorten ter conseguido um resultado melhor do que o inicialmente esperado, adianta a BBC.