Apple mais perto de conseguir desactivar as câmaras de iPhone em concertos
A funcionalidade foi patenteada esta quinta-feira, mas nem todos receberam bem a novidade. Há quem tema o uso errado da ferramenta por governos ou grupos opressores.
A Apple conseguiu esta quinta-feira patentear um sistema que pode acabar com o registo indesejado de imagens e vídeos em locais proibidos. A funcionalidade, que tentava obter patente desde 2009, permite bloquear quer a opção de vídeo, quer a funcionalidade de fotografia através da recepção de infravermemelhos.
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A Apple conseguiu esta quinta-feira patentear um sistema que pode acabar com o registo indesejado de imagens e vídeos em locais proibidos. A funcionalidade, que tentava obter patente desde 2009, permite bloquear quer a opção de vídeo, quer a funcionalidade de fotografia através da recepção de infravermemelhos.
O funcionamento é simples. Basta colocar um emissor de infravermelhos na área onde a captura de imagens é proibida, como no interior de salas de cinemas ou concertos e todos os iPhones que tentem registar imagens ou vídeos recebem, em troca, uma mensagem a dizer que a opção de gravação foi desactivada. Uma ideia que se parece ser a solução perfeita para combater o registo ilegal de imagens e que promete aliviar a frustração de quem assiste a um concerto através de um mar de ecrãs de telemóveis.
O documento disponibilizado sugere que a câmara seja apenas desactivada se estiver virada numa certa direcção, possibilitando que os utilizadores registem imagens na direcção oposta, aos amigos e plateia, por exemplo, desligando-se quando voltada em direcção do palco ou exibição.
Para além da possibilidade de desactivar a câmara, a nova função poderá, em alternativa, adicionar marcas de água nas fotografias, a fim de desincentivar a sua partilha.
No entanto, a novidade da Apple levanta algumas preocupações que se estendem para lá dos piratas de filmes ou dos incapazes de estar num espectáculo ou exibição sem o registarem. A apreensão chega por quem teme pelas restrições à liberdade de expressão, alerta o jornal britânico The Guardian.
Se por um lado a ideia pode ser bem recebida pela indústria da música e do espectáculo, o mesmo não acontecerá a quem for – por exemplo, impedido de registar um protesto ou manifestação. As redes sociais têm ganho uma dimensão cada vez maior na partilha e denúncia de injustiças. Deixar que terceiros controlem as imagens registadas através do telemóvel pessoal de cada um tem sido, aliás, um dos argumentos contra esta funcionalidade desde que foi apresentada.
As principais preocupações relacionam-se com o eventual uso desta aplicação pelas mãos de governos e regimes opressores, temendo-se a sua utilização como forma de controlo e censura, impedindo a documentação de opressões ou a denúncia de abusos de poder.
Para já, ainda não é claro quem poderá utilizar o sistema de bloqueio previsto pela Apple, que ainda não comentou a patente.