Artesanato: a impressão 3D chegou ao traje de Viana do Castelo
Primeiras peças do traje à vianesa em impressão 3D são lançadas este mês. Projecto de "artesanato tecnológico" partiu dos arquitectos Pedro Ribeiro e Rafael Nascimento e o técnico de impressão 3D
Usar tecnologia de ponta para preservar, numa peça de "escultura 3D", as raízes mais antigas da cultura tradicional portuguesa fez nascer um projecto de três jovens de Viana do Castelo que aliaram ao conceito o saber dos artesãos locais.
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Usar tecnologia de ponta para preservar, numa peça de "escultura 3D", as raízes mais antigas da cultura tradicional portuguesa fez nascer um projecto de três jovens de Viana do Castelo que aliaram ao conceito o saber dos artesãos locais.
A ideia, que surgiu "por acaso", ganhou corpo através do recurso ao microcrédito proporcionado pelo gabinete de empreendedorismo da Câmara local e vai chegar ao mercado, em forma de "artesanato tecnológico", no próximo dia 18, com o lançamento das primeiras cinco peças do traje à vianesa em 3D.
Partindo de modelos reais — um casal do Grupo Folclórico de Viana do Castelo — e "respeitando a escala, a riqueza e exuberância" do traje de Santa Marta de Portuzelo, os arquitectos Pedro Ribeiro e Rafael Nascimento e o técnico de impressão 3D João Cavalheiro "imprimiram" os fatos de campo, de domingar, de noiva, de mordoma e de festa. Os modelos, em plástico vegetal, com quatro tamanhos, em mais de 30 cores, são pintados à mão por uma artesã de Cardielos "com anos de saber", que lhes confere conceitos de que os três jovens não abrem mão: "a personalização, o detalhe e o respeito pela escala".
"Há um trabalho digital muito intenso de escultura 3D, a que juntamos o respeito pelas cores do traje regional, através de pessoas que estão há muitos anos ligadas a esta área", afirmou à Lusa Pedro Ribeiro. O tamanho das peças varia entre os cinco e os 28 centímetros, a impressão demora entre uma hora e meia a 13 horas e algumas "podem até ser adaptadas a várias funcionalidades como, por exemplo, a de um candeeiro". O conceito em que se apoiaram já existe, disse o arquitecto de 31 anos, e chama-se "artesanato tecnológico": "É aliar tecnologia de ponta às raízes mais antigas da cultura tradicional para registar o património cultural da cidade, da região, e do país".
Pedro "estudou a fundo" o traje regional de Viana do Castelo e, juntamente com os colegas, investiu mais de cinco meses no aperfeiçoamento dos cinco modelos do traje que vão passar a ser comercializados na loja da empresa que constituíram online e em estabelecimentos de Viana que comercializam artesanato contemporâneo. O produto final está prestes a ser apresentado e, adiantou Pedro Ribeiro, já recebeu "manifestações de interesse de entidades públicas do país que pretendem ver reproduzidos, com uma nova perspectiva cultural e artística, os ícones nacionais". "Queremos transmitir às pessoas que a tecnologia 3D está aí e vai revolucionar tudo. Este é o produto que achamos que poderia comunicar as potencialidades da tecnologia 3D", explicou.
Artigo corrigido à 12h34 de 6 de Julho.
Os modelos reais foram um casal do Grupo Folclórico de Viana de Castelo e não de Santa Marta de Portuzelo, como estava anteriormente escrito.