Ferro quer Parlamento a acompanhar "Brexit"
Presidente da Assembleia da República defende que os partidos devem estar todos juntos a acompanhar a situação do Reino Unido.
O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, está preocupado com as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia e quer encontrar formas de acompanhamento do problema pelo Parlamento português que envolvam consensualmente todos os partidos. Esta preocupação foi manifestada pelo próprio na conferência de líderes de quinta-feira, soube o PÚBLICO.
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O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, está preocupado com as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia e quer encontrar formas de acompanhamento do problema pelo Parlamento português que envolvam consensualmente todos os partidos. Esta preocupação foi manifestada pelo próprio na conferência de líderes de quinta-feira, soube o PÚBLICO.
Na próxima sessão legislativa, Ferro quer formar um grupo de trabalho, com todos os partidos representados, que acompanhe o assunto. Esse será o momento mais importante a partir do qual esse acompanhamento deve ser feito, na opinião de Ferro Rodrigues, até porque só em Outubro se prevê que o primeiro-ministro demissionário britânico, David Cameron, seja substituído.
“Setembro, mês em que se inicia também a segunda sessão legislativa, será o tempo certo para que, em conferência de líderes, encontremos as melhores soluções formais e regimentais para um acompanhamento destas negociações, considerando a defesa dos direitos e interesses portugueses em jogo”, disse Ferro, para quem o acompanhamento deve ir além do que tem de ser feito pela comissão parlamentar dos assuntos europeus.
De acordo com as informações reunidas pelo PÚBLICO, o presidente da AR admite que o tema da saída da Grã-Bretanha da União Europeia venha a ser uma das linhas de intervenção no debate sobre o Estado da Nação. Assim como estará presente no relatório que o Governo vai apresentar ao Parlamento sobre a União Europeia em 2015.
A intenção de Ferro Rodrigues passa por uma união e acompanhamento dos partidos da situação, mas para já não há uma intenção de apadrinhar um texto sobre o assunto, como fez em relação à possibilidade de aplicação de sanções a Portugal por causa do défice de 2015.
Após a decisão dos britânicos de abandonarem a União Europeia, em referendo, tomada na semana passada, Ferro defende que a Europa deve aproveitar para repensar e debater o que realmente interessa e concentrar-se em deixar aos estados-membro “aquilo que fazem melhor", centrando "a Europa na resolução de problemas verdadeiramente comuns”.
Para Ferro Rodrigues, a União Europeia não pode concentrar-se e gastar as suas energias na aplicação de sanções a estados. “A arquitetura da zona euro, o crescimento anémico, o desemprego jovem, as alterações climáticas, a crise migratória, o terrorismo, a instabilidade nas fronteiras sul e leste são problemas comuns que só podem ser enfrentados em conjunto e face aos quais as posições isolacionistas não podem dar resposta. Insisto num ponto que não me canso de repetir: o que são décimas de défice comparadas com estes desafios estratégicos que temos de enfrentar em conjunto?”, questionou.
O anúncio da constituição de um grupo que acompanhe as negociações do "Brexit" foi feito pelo presidente da Assembleia da República depois de um encontro com Gianni Pittella, presidente do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu. O italiano manifestou solidariedade a Portugal e diz que já defendeu em Bruxelas que não devem ser aplicadas sanções por causa do défice registado o ano passado.